A maioria dos postos de saúde de Porto Alegre está atendendo pacientes nesta terça-feira (24), um dia após a mobilização dos servidores contra a extinção do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) e a demissão de 1,8 mil funcionários. Levantamento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) aponta que, das 140 unidades, apenas a Recreio da Divisa, na Lomba do Pinheiro, na Zona Leste, está fechada. Na segunda-feira (24) pela manhã, eram 67 postos sem atendimento.
Conforme o secretário-geral do Sindisaúde, Julio Cesar Jesien, a orientação da entidade era de que todos os profissionais comparecessem ao trabalho. No dia anterior, os servidores protestaram, em frente à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, contra o fim do instituto. O retorno às atividades foi uma exigência da prefeitura para que se abrisse o diálogo entre o poder público e a categoria.
No dia 12 de setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a lei que criou o Imesf é inconstitucional. Com isso, a instituição terá de ser extinta, provocando a demissão dos trabalhadores. De acordo com o prefeito Nelson Marchezan, a administração dos postos de saúde será passada para a iniciativa privada através de edital. Enquanto o processo estiver em andamento, a prefeitura fará um contrato emergencial para garantir o atendimento à população.
Fechado na segunda, a Unidade Marcelo Martins Moreira, na Maria da Conceição, na Zona Leste, estava aberta na manhã desta terça-feira. A pequena sala de espera estava repleta de pacientes no aguardo de atendimento. Na porta de entrada, cartazes afixados lembravam o motivo do fechamento do dia anterior.
— É muito cruel o que estão fazendo com os profissionais. Sou a favor da paralisação. A medida da prefeitura vai tanto prejudicar a eles quanto a nós — comenta a recepcionista Magda Prado de Quadros, 45 anos, após consulta com o dentista do posto.
A Unidade Cristal, na Vila Cruzeiro, também estava com o atendimento normalizado. O mesmo se repetia no posto Cidade de Deus, no bairro Cavalhada, na Zona Sul, e no Beco dos Coqueiros, no Passo das Pedras, na Zona Norte. Em todos esses, o relato era o mesmo: profissionais abalados com a demissão e população com medo de ficar sem atendimento.
— Estou sem insulina desde quinta-feira. Vim aqui no posto, mas estava fechado. Hoje (terça), só saio daqui com a receita do médico. Mas pelo menos temos atendimento. Mas com as demissões, como vai ficar? — reclama a aposentada Beatriz Regina da Silva, 61 anos.