Diante de nova decisão judicial, a prefeitura de Porto Alegre projeta para o início de setembro a transferência para novos conjuntos habitacionais de mais 716 famílias que moram atualmente na Vila Nazaré, no entorno do Aeroporto Internacional Salgado Filho, na zona norte de Porto Alegre. O calendário para realização dessa segunda etapa de transferências foi confirmado pelo superintendente de Ação Social do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) de Porto Alegre, Emerson Correa.
Na próxima etapa, serão 236 famílias transferidas ao conjunto habitacional Senhor do Bom Fim e outras 480 para o Irmãos Marista. Na primeira etapa, já haviam sido transferidas 128 famílias para o Senhor do Bom Fim. Ao todo, são cerca de 1,3 mil famílias que precisarão deixar a área do entorno do aeroporto para a realização de obras de ampliação da pista. A previsão da prefeitura é concluir as transferências até o fim do ano.
— As remoções vão começar imediatamente. O cadastramento (de famílias) está avançado, e a Fraport vem fazendo os seus investimentos. Essas pessoas vão sair de área de risco para local com água, drenagem, calçamento, ingressando em uma vida mais civilizada e humana — afirma o prefeito Nelson Marchezan.
Conforme o Demhab, ainda neste quinta-feira (15) equipes do departamento retomarão a preparação da transferência das famílias, com o encaminhamento de documentos.
A decisão liberando a continuidade do processo foi tomada na quarta-feira (14) e conhecida na manhã desta quinta (15). No despacho, a juíza federal Thais Helena Della Giustina revogou a determinação anterior para que o município de Porto Alegre suspendesse a transferência das famílias para as unidades de moradias Nosso Senhor do Bom Fim e Irmãos Maristas.
O procurador-geral do município (PGM), Nelson Nemo Franchini Marisco, comemorou a decisão e destacou que, caso haja pessoas que não aceitem o processo de transferência, a Fraport terá que encontrar uma solução de moradia ao final do processo.
— Pode ser que, ao final, algumas pessoas se recusem a sair de lá. Daí, essas pessoas que se recusarem motivadamente a sair de lá precisarão ser analisadas caso a caso. Especialmente no final, os que ficarem, caberá à Fraport dar a destinação adequada. Não ficarão à própria sorte — explicou Marisco.
Em nota, a Fraport, empresa privada que opera por concessão o Salgado Filho, afirmou que "está muito satisfeita com a decisão judicial e com o fato de poder continuar os trabalhos de desocupação da área". Disse também que "a decisão representa um enorme ganho de qualidade de vida às famílias e, ao mesmo tempo, viabiliza o cumprimento do compromisso assumido em ampliar a pista do aeroporto para a promoção do desenvolvimento econômico da região".