Em meio à controvérsia envolvendo um projeto para abrir uma nova mina de carvão na Região Metropolitana, uma comitiva de oito deputados estaduais decidiu embarcar em um ônibus na manhã desta quarta-feira (5) para conhecer de perto como é feita a extração do mineral.
Por iniciativa do parlamentar Gabriel Souza (MDB), da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia, o grupo visitou uma mina em atividade da empresa Copelmi no município de Butiá, fez perguntas e ouviu explicações sobre a intenção de implantar a Mina Guaíba entre as cidades de Charqueadas e Eldorado do Sul.
O futuro empreendimento está em busca de licença prévia na Fundação Estadual de Proteção Ambiental, ainda sem previsão para concessão ou início de obras, e enfrenta a contrariedade de grupos ambientalistas por temerem a poluição na zona próxima do Delta do Jacuí.
Em meio ao debate sobre a segurança do empreendimento, a comitiva de deputados chegou até a beira da mina B3, em Butiá, onde são extraídas mais de um milhão de toneladas de carvão por ano para abastecer termelétricas e empresas como a Braskem.
Representantes da Copelmi explicaram que a mina a céu aberto, como existe em Butiá e seria implantada entre Charqueadas e Eldorado, não prevê barragem de rejeitos e contém a emissão de poluentes por meio de recursos como o tratamento de efluentes e a pulverização de água no solo para evitar a dispersão de poeira.
— Hoje, fazemos mineração a 70 metros de distância das casas mais próximas sem impacto — afirmou o gerente de Sustentabilidade Corporativa da Copelmi, Cristiano Weber.
Gabriel Souza, com o microfone em punho ainda durante o deslocamento de ônibus até a mina, brincou que a viagem era uma espécie de "audiência pública sobre rodas" para tirar dúvidas dos parlamentares sobre esse tipo de atividade.
— Organizamos essa visita para os deputados poderem formar suas opiniões sobre o projeto. Vimos que não há algo similar ao que ocorre em Minas Gerais. Não haverá barragem (na Mina Guaíba), apenas cavas. É mais seguro — declarou Souza, após ter circulado pelo local.
Representante da oposição, Valdeci Oliveira (PT) defendeu que o tema seja debatido sem preconceito:
— Desde que o projeto seja apresentado de forma clara, sem risco ao ambiente, não há porque não discuti-lo. Podemos aproveitar o carvão gaúcho, desde que com rigor ambiental.
Também estiveram presentes a presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, Zilá Breitenbach (PSDB), e os também deputados Franciane Bayer (PSB), Sebastião Melo (MDB), Sérgio Peres (PRB), Gilberto Capoani (MDB) e Vilmar Lourenço (PSL). O grupo visitou ainda um antigo ponto de mineração que foi recuperado e virou área de plantio e pastagem, e uma mina desativada que deu lugar a um aterro sanitário onde se aproveita o gás derivado do lixo para produção de energia.
Entidades como a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) são contrárias ao empreendimento da Mina Guaíba sob a alegação de que se localizaria nas proximidades do Delta do Jacuí e a cerca de 20 quilômetros de Porto Alegre, potencializando os riscos de uma eventual poluição da água ou do ar.