Manifestações em defesa de recursos para a educação foram convocadas em todo o país nesta quarta-feira (15) após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reduzir o orçamento das universidades federais e bloquear bolsas de pesquisa.
Organizadas por sindicatos de professores e servidores das universidades, os protestos devem ter a adesão de estudantes e também de trabalhadores da educação das redes pública e privada de ensino fundamental e médio.
Em Porto Alegre, a concentração está marcada para as 13h, em frente ao Instituto de Educação, na Avenida Osvaldo Aranha. Depois de um abraço simbólico à instituição, os manifestantes devem seguir em caminhada, passando pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), pelo campus de Porto Alegre do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e pela sede do INSS, no centro da Capital. De lá, a previsão é de seguirem para a Esquina Democrática, onde está prevista união de diversos grupos para protesto a partir das 18h.
O principal objetivo da mobilização, segundo os organizadores, é mostrar à população a importância das universidades no ensino, na pesquisa e na prestação de serviços à sociedade.
Adesão no RS
A reportagem de GaúchaZH entrou em contato, na noite de terça-feira (14), com universidades do Estado para saber sobre a adesão ao movimento. Confira:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
A instituição afirmou que a universidade estará aberta, mas que as atividades acadêmicas dependem da adesão dos educadores ao movimento.
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
A UFCSPA não tem posição oficial, mas garantiu que as atividades ocorrerão normalmente. Conforme a reitora da instituição, Lucia Campos Pellanda, alunos pediram que os professores não realizem atividades de avaliação, devido à possível dificuldade de acesso ao local — a decisão fica a critério dos docentes.
Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS)
Não há posicionamento oficial. Conforme a assessoria de imprensa, a gestão da instituição vem conversando sobre os possíveis impactos do protesto e os estudantes serão avisados da decisão entre a noite desta terça (14) e a manhã de quarta (15).
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Segundo o reitor, Paulo Burmann, as atividades ocorrerão normalmente na universidade apesar do protesto. No entanto, uma audiência pública está marcada para quarta-feira (15), na Câmara de Vereadores do município, para debater os cortes na Educação e a situação da universidade.
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
As atividades ocorrerão normalmente, mas a universidade ressalta que alguns professores e estudantes devem participar do protesto. Em nota, a direção da instituição afirma que reconhece a "legitimidade da mobilização da comunidade acadêmica" e que, na quarta, "poderá haver interrupções no funcionamento das unidades universitárias e reitoria".
Secretaria da Educação do RS
O órgão disse que as atividades seguem normais nas escolas do Estado e que vai monitorar a paralisação de quarta, respeitando as manifestações dos educadores. Segundo a pasta, algumas instituições devem aderir à paralisação, em razão da convocação do Cpers Sindicato, mas não há, até o momento, um relatório de quantas irão participar.
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
A administração da universidade afirma que não tem como dimensionar o envolvimento de professores, estudantes e técnicos na mobilização. A adesão à greve fica a critério de cada servidor.
Cortes de recursos
As manifestações ocorrem após o anúncio de cortes e bloqueios pelo Ministério da Educação no governo Jair Bolsonaro. Recursos para todas as etapas de ensino, da educação infantil à pós-graduação, foram reduzidos ou congelados. A medida inclui verbas para construção de escolas, ensino técnico, bolsas de pesquisa e transporte escolar.
O bloqueio total de despesas do MEC anunciado até agora é de R$ 7,4 bilhões. Nas universidades federais, chega a R$ 2 bilhões, o que representa 30% da verba discricionária (que não inclui salários, por exemplo). Nesta terça-feira (14), Weintraub disse que não descarta novos bloqueios no orçamento da pasta após previsão de crescimento menor da economia.
Na véspera dos protestos, oposição e centro conseguiram impor uma derrota ao governo e aprovar a convocação de Weintraub para explicar os cortes no plenário da Câmara nesta quarta. Partidos como PP, MDB, PRB, Podemos e PTB votaram favoravelmente à convocação do ministro, que deve ser questionado sobre os bloqueios de verbas do MEC.