Pais, alunos e professores da Escola Municipal Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, no bairro Sarandi, zona norte da Capital, promoveram um abraço na instituição em defesa do Ensino Médio e Técnico, na tarde desta quarta. Este mês, a prefeitura comunicou que não aceitará novas matrículas para o Ensino Médio e o único curso técnico, em Administração, a partir do que ano que vem.
A prefeitura alega que a oferta desta etapa da educação básica é atribuição constitucional do governo do Estado. Além disso, o objetivo da mudança seria a melhor organização administrativa e pedagógica. Os alunos que ainda estão matriculados no Ensino Médio e Técnico têm garantida a conclusão do curso, mas novos não serão aceitos. O mesmo acontecerá com a outra escola municipal a oferecer a modalidade, a Emílio Meyer, localizada no Medianeira.
— Nós buscamos uma educação de qualidade, porém, no Ensino Médio não podemos investir, fazer concurso ou contratar professores porque os recursos que dispomos para o financiamento público da educação são exclusivos para a Educação Infantil e Ensino Fundamental. Essa oferta está entrando em risco e queremos uma transição de forma planejada, para que as famílias não sejam surpreendidas no futuro com uma estrutura que não teremos como sustentar — explicou o secretário municipal de Educação, Adriano de Brito, destacando ainda que a Smed está aberta a compartilhar o espaço da Liberato com parceiros, prática que já ocorreu na escola anteriormente.
Apoiador do movimento pró-Liberato, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) esteve presente no ato. A diretora-geral Luciane Pereira da Silva destacou a importância da instituição para os porto-alegrenses.
— É a única escola do bairro a oferecer Ensino Médio noturno e Técnico. A Secretaria fala em responsabilidade do Estado, mas essa é uma responsabilidade compartilhada — disse.
A Secretaria Municipal de Educação (Smed) informou que não haverá alterações na Educação Infantil, Fundamental, EJA e Magistério. E que a ideia é ampliar o número de vagas do Magistério e EJA para 2020.
Defesas pela educação
A dona de casa Cintia Viviane Silveira, 31 anos, formada no curso técnico em 2017, e mãe de dois alunos, de 13 e oito anos, defende a permanência dos cursos na escola.
— Meu filho está no 8º ano, logo ingressará no Ensino Médio. Aqui é perto de casa e, por mais que seja à noite, é mais seguro, pois posso acompanhá-lo. Preferimos que ele tenha a manhã livre para outras atividades — argumentou a mãe.
Vó de uma aluna do 2º ano do Ensino Fundamental e mãe de outra do curso de Administração, Sandra Lacerda, 58 anos, reclamou da falta de interesse dos governo em investir em educação.
— Vamos lutar e não vamos deixar isso acontecer. É preciso investir em educação, não fechar turmas — defendeu.
Na próxima segunda, 27, a Câmara de Vereadores irá prestar uma homenagem à escola pelo aniversário de 65 anos, comemorado neste mês.