O prédio mais colorido da Rua Santana voltou a se camuflar na selva de pedras de Porto Alegre. Os 16 tons na fachada do número 791, usados em figuras geométricas de diferentes tamanhos, foram substituídos por uma pintura sóbria de duas cores: cinza e preto.
De acordo com os proprietários, a decisão foi tomada porque "o grafite, com o tempo, desbota". Por e-mail, a empresa informou ainda que o prédio está passando por uma reforma geral e aproveitou-se a oportunidade para realizar a pintura externa.
Rafael Fernandes, barbeiro e cabeleireiro que trabalha no térreo do imóvel, comenta que o edifício havia se tornando ponto de referência em razão do excesso de cores.
— Agora é preciso passar duas vezes para ver que é ele — observa.
Apesar disso, ele gostou da nova aparência. Bem como Gustavo Bolzan, 28 anos, estudante que mora no prédio e acredita que a estética de temática urbana se manteve.
Outra edificação que foi na contramão da moda de grafites e foi pintada de cinza é a da loja Empo, na Avenida Assis Brasil, na zona norte de Porto Alegre. Com quatro andares, a fachada inteira tinha pelo menos 50 tons diferentes e figuras que iam do semblante austero de um índio ao que parecia ser um jardim alienígena.
Ambos os grafites haviam sido feitos pelo artista Jackson Brum. Ele lamenta a mudança, mas acrescenta:
— Acredito que a arte seja efêmera, sim, e nestes caso seja muito uma questão de posicionamento de marketing ou financeiro mesmo. Infelizmente ainda são poucos os estabelecimentos que veem e entendem a arte como um ganho social. Não apenas para o seu comércio, mas para o entorno.
O prédio na Assis Brasil foi pintado de cinza no final do ano passado, também porque já estava com o grafite desgastado, segundo informações da Empo.