A dona de casa Elizabeth Barbosa Andrade, 62 anos, reduziu o passo durante o passeio com o cachorro Yuri para olhar o canteiro de obras na Praça Major Joaquim de Queiroz, no bairro Santana, em Porto Alegre. Ela comemorou quando o local foi isolado por tapumes e grades, para trabalhos de qualificação.
— Estava horrível. O mato tomava conta, estava cheio de moradores de rua, os brinquedos estavam sucateados, tudo em mau estado de conservação — lembra.
Por esses e outros motivos, a área de lazer na Avenida Jerônimo de Ornelas, entre as esquinas com a Santana e a Vieira de Castro, era pouco utilizada por moradores da região, relatam os vizinhos.
As melhorias iniciaram no final de fevereiro e serão viabilizadas pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que adotou a área. Serão executados serviços como pavimentação dos passeios internos e externos, instalação de piso podotátil (para guiar deficientes visuais), instalação de recanto infantil com escorregadores, balanços, gangorra, bancos, mesas de jogo de damas, colocação de lixeiras e paraciclos. A quadra esportiva — a parte mais aproveitada da praça, especialmente para jogos de vôlei — também receberá novo telamento e pintura. O prazo para conclusão dos trabalhos é junho deste ano, e o valor do contrato, de R$ 532 mil.
Secretário municipal de Meio Ambiente, Maurício Fernandes conta que trata-se de uma praça com característica especial: por ser próxima ao Hospital de Clínicas, é onde muitas vans de outras cidades estacionam, e tem, ao longo do dia, grande movimento de pacientes. O hospital também será responsável por fazer a manutenção do espaço.
— É importante que seja o mais qualificado possível para receber eles bem.
A adoção da praça é uma obrigação legal em razão das obras de ampliação do hospital. Mas Porto Alegre também busca adotantes voluntários para espaços públicos — segundo o secretário, há ao todo 72 praças e parques adotados. As duas maiores adoções são da Orla Moacyr Scliar (pela Uber) e do Parque Moinhos de Vento (Hospital Moinhos de Vento, Zaffari, Melnick Even e Panvel). A mais recente é a do Parque Mascarenhas de Moraes, no Humaitá, pela MRV Engenharia.
Moradores de rua migram para Praça João Paulo I
Paulo Escobar, 50 anos, lembra que a Praça Major Joaquim de Queiroz costumava ser ocupada por moradores de rua — alguns vizinhos já flagraram o consumo de drogas no local. O taxista acredita que isso afugentava a comunidade do bairro, e acha que eles retornarão ao espaço assim que as obras forem terminadas.
Assim que o local foi isolado para obras, barracas foram erguidas no canteiro central da Jerônimo de Ornelas e na Praça João Paulo I, a poucos metros da Praça Major Joaquim de Queiroz.
A área já era tomada por moradores de rua no passado, mas foi totalmente revitalizada em 2015 e, desde então, pessoas que residem nos prédios do entorno passaram a ocupá-la.
— Essa praça (João Paulo I) era maravilhosa. Até agora — diz Gaspar Migliore, 83 anos, reclamando que voltou a ter lixo espalhado pela praça, especialmente ao lado das lixeiras.
Por assessoria de imprensa, a Fasc respondeu que "todas as demandas recebidas sobre moradores de rua estão sendo atendidas". A pasta explica que primeiramente encaminha a equipe de abordagem composta por assistente social, psicólogo e pessoal da saúde, que oferece oportunidades para que a pessoa possa sair da situação de rua, através de aluguel social (só vale para quem tem renda), vaga em albergue, passagem de ônibus intermunicipal para retorno à família. No caso do morador não desejar sair da rua, depois de toda a abordagem, a Fasc realiza uma operação composta por diversas secretarias municipais para que as pessoas saiam do local em segurança e pacificamente.
A secretária de Desenvolvimento Social, Nádia Rodrigues Silveira Gerhard , afirmou que, na quarta-feira (6), solicitaria que equipes visitem o local.