Um salão enfeitado com fitas, confetes e serpentinas por todos os lados, música característica e, é claro, foliões bem animados. Estes foram os ingredientes que garantiram o sucesso do baile de Carnaval do Asilo Padre Cacique, ontem, na Capital.
O evento não é novidade – todas as quintas-feiras, tem baile no asilo –, mas o de ontem foi especial pela temática. A trilha sonora, é claro, entrou no clima: quando a reportagem chegou ao local, tocava a marchinha Ó Abre Alas, que foi seguida de outras tradicionais, como Mamãe Eu Quero e Se a Canoa Não Virar. Perfeito para lembrar a juventude de uma amante de festas “desde mocinha”, como Noraci Terezinha Moraes, 82 anos, moradora do local há nove anos:
– Não perco um baile sequer, venho todas as quintas-feiras!
Por já não enxergar bem, dona Noraci utiliza um andador, que evita possíveis tombos. Nada que impeça que ela seja uma das mais animadas da pista de dança.
– Ah, eu adoro dançar. É maravilhoso, né? – diz ela.
O clima de Carnaval também agradou Paulo Antônio Meirelles, 75 anos, há seis no Asilo. Apesar de nunca ter desfilado, era um assíduo frequentador dos ensaios da Academia de Samba Praiana. Nas terças, no asilo, ele faz questão de participar das rodas de samba, outro evento tradicional.
– Já toquei surdo, hoje toco só chocalho, mas não deixo de aproveitar – conta ele.
Depois de iniciarem animados, ele a namorada, Shirley Pereira, 81 anos (eles estão juntos há cinco), sentaram-se para descansar em uma das mesas dispostas pelo salão. De mãos dadas, recuperaram o fôlego antes de partir para outra rodada de dança.
– Ah, com a idade, tem que ser assim (risos). Eu ia a todos os bailes de Carnaval que podia na juventude. Então, eu gostei muito deste aqui – revela Shirley.
Para todos
A instituição conta, atualmente, com 126 moradores. Cerca de 50 deles participaram do evento, entre os que não arredaram pé do baile e aqueles que só puderam dar uma passadinha, como explica o diretor de eventos do Padre Cacique, Alécio Borsoi.
– Alguns vêm apenas um pouco, outros não saem do salão enquanto o baile não acaba. Ainda tem aqueles que ficam do lado de fora, mas curtem a música. Com a ajuda de funcionários da enfermaria, por exemplo, trazemos moradores que têm a saúde mais comprometida e precisam de acompanhamento. Os cadeirantes também são bem-vindos – conta Alécio.
Voluntários ajudam a fazer a festa
Maria Leoni, 80 anos, foi uma das que curtiu a festa da cadeira de rodas, com direito a máscara de Carnaval, chapéu colorido e muita animação.
– Tenho um problema no joelho e dificuldade para caminhar. Mas venho a todos os bailes para ver os outros dançando e aproveitar a música – diz.
Para fazer os eventos saírem do papel, o asilo conta com uma equipe de cerca de 30 voluntários, que ajudam como podem. No evento de ontem, todos os que compareceram estavam à caráter. Uma das mais animadas e enfeitadas era Adelina Maria Ferreira, 70 anos. De salto alto, roupa brilhosa e maquiada, ela jogava confetes e tirava para dançar quem estivesse parada.
– Sou voluntária há dois anos, venho todas as quintas-feiras passar a tarde com os moradores. É o melhor dia da minha semana – conta ela.