As respostas sobre a contaminação do solo do bairro Niterói, em Canoas, por cromo VI, parecem mais próximas. O relatório final da análise que está sendo feita na área contaminada deve ser publicado no próximo mês. A previsão inicial era para final de março. O adiantamento foi uma exigência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que assumiu o gerência sobre o caso no fim do ano passado.
— Nos reunimos com o laboratório e a empresa de cromagem para acelerar esse cronograma. A contaminação foi descoberta em 2017. Por isso, queremos as respostas definitivas logo — explica a engenheira química Fabiane Vitt, chefe da Divisão de Controle da Poluição Industrial da Fepam.
Desde o dia 18 de dezembro, as atividades da empresa Lacerda, conhecida como Cromagem São Vicente, foram suspensas pela prefeitura de Canoas. A companhia é a responsável pela contaminação por cromo VI do lençol freático no bairro Niterói. A atuação da empresa, que envolve o processo para recobrimento metálico de objetos com o cromo, seguirá interrompida até o término dos estudos técnicos que apontarão a extensão da poluição pelas ruas do bairro. O cromo VI, quando em alta concentração na água, é cancerígeno.
— Acreditamos que o relatório vai apontar uma área bem menor do que a delimitada pela prefeitura. Foi feito o alerta em uma área bem maior, por prevenção — conta Fabiane.
A área de risco, enquanto não se conhece a extensão exata da contaminação, é no quadrante que vai da BR-116 até a Rua Fernando Ferrari, e da Rua Alegrete até a Rua Minas Gerais.
Remediação
Segundo Fabiane, com adiantamento do cronograma, as medidas de remedição também poderão começar antes do previsto. A remediação é conjunto de ações que a empresa responsável pelo problema terá de fazer para retirada dos contaminantes do solo e da água do lençol freático.
— Existem várias maneiras de remediar. Vai depender da extensão que será apontada no relatório final. Depois disso, a empresa contrata um agente autorizado para planejar a remediação. A Fepam avalia esse projeto e o autoriza — diz Fabiane.
A conclusão dos trabalho ainda não tem data. Mas, a ideia é iniciar a remediação logo que o relatório final for analisado.
— O assunto é prioridade para nós — garante a engenheira química.
Com o caso de contaminação no solo por cromo no bairro Niterói, a prefeitura de Canoas deixou de ser a responsável por licenciar empresas de galvanoplastia na cidade. Agora, este tipo de licenciamento voltou a ser responsabilidade da Fepam no município.
— Algumas prefeituras têm autorização para fazer licenciamentos, dependendo do ramo e da capacidade do município. Porém, em Canoas, notificamos a prefeitura e reassumimos essa responsabilidade depois dos problemas com o cromo — explica Fabiane.
Entenda o caso
- A Cromagem São Vivente funcionava desde 1960. A área da empresa é de aproximadamente 200 metros quadrados.
- No local, o processo de cromagem era por imersão. A peça chegava bruta, passava por limpeza, desengraxe, polimento e seguia para os banhos de níquel e cromo.
- Em 2017, enquanto fazia uma escavação para instalar uma piscina, o morador de uma residência aos fundos da empresa encontrou água de coloração amarelada no solo.
- Com isso, a Secretaria de Meio Ambiente de Canoas solicitou a investigação confirmatória, que iniciou em dezembro de 2017.
- O resultado das análises apontou contaminação por cromo no solo e na água subterrânea acima dos limites permitidos.
- Em 2018, a secretaria municipal solicitou ao empreendedor a investigação detalhada, para delimitar a extensão exata do contaminação.
- Em dezembro de 2018, a Fepam tomou conhecimento da situação, assumiu o processo de licenciamento na cidade e acompanha a continuidade da investigação.
- Neste mês, a Fepam acordou com a empresa e o laboratório contratado que o resultado da investigação detalhada deve ser publicado até o mês que vem.