O MDB de Porto Alegre vai decidir, na quarta-feira (19), se repete a postura do partido em âmbito estadual e ingressa na base do governo Nelson Marchezan (PSDB). Se decidir pelo "sim", o MDB se tornará, em uma mesma semana, base aliada de dois tucanos: Eduardo Leite e Marchezan.
A decisão será tomada a partir dos 45 votos de integrantes do diretório municipal. Nesta segunda-feira (17), o diretório estadual do partido, por 47 votos a nove, decidiu entrar no governo Leite.
— Acho que não vai ser tão fácil a vitória da tese de aderir ao governo Marchezan como foi a aderir ao governo Leite — diz uma das fontes com acesso à negociação, favorável ao pacto entre os partidos.
Se o MDB ingressar no governo, deve receber uma secretaria municipal, que seria comandada por um dos atuais vereadores, o que abriria espaço na Câmara para a vereadora suplente Lourdes Sprenger. A Secretaria de Desenvolvimento Social e Esporte é cogitada pelo MDB, com possibilidade de ser assumida pela vereadora Comandante Nádia.
O vereador Pablo Mendes Ribeiro (MDB), que indicou nomes que ocupam cargos em comissão (CCs) no governo Marchezan, defende a adesão. Segundo ele, os ajustes nas contas públicas propostos por Marchezan podem beneficiar o MDB no futuro.
— O MDB quer de novo governar Porto Alegre. Eu prefiro ter a possibilidade de pegar uma prefeitura ajustada do que pegar uma prefeitura do jeito que está. Sempre tivemos relações (com o governo Marchezan). A pauta prioritária é ajuste das contas públicas — aponta Mendes Ribeiro.
O ex-vice-prefeito e candidato derrotado por Marchezan em 2016 discorda da tese. Sebastião Melo (MDB) é contrário às adesões, em âmbito estadual e municipal, considerando inclusive que as decisões já foram tomadas por integrantes do MDB da Capital antes mesmo da reunião do diretório.
— A eleição de Porto Alegre foi muito atritada, não foi do nível da eleição estadual. Acho que o grande problema do MDB de Porto Alegre foi ter primeiro tomado uma decisão para depois reunir o diretório. As conversações ocorreram, não tem como negar isso. Acho que é ilegítima a decisão. Chegou o diretório para dar uma roupagem de que houve participação — disse Melo.
O convite de Marchezan aos vereadores do MDB foi feito, pessoalmente, na última terça-feira (11), em uma galeteria da Capital.
— A decisão tomada tem que ser acolhida pela maioria para não fragilizar o partido — pondera o vereador André Carús (MDB).