Uma frase em inglês na parede traduz o espírito da casa de 270 metros quadrados no bairro Santana, em Porto Alegre: "Ei, garota, a gente pode fazer melhor se levantar uma à outra".
Iniciativa de duas jovens publicitárias, o coworking Nuwa abriu há pouco mais de dois meses. Cada cômodo do imóvel da década de 1950 recebeu uma decoração acolhedora e funcional para que as mulheres se foquem em negócios, sem deixar de conversar — a ideia é que as gurias criem um networking e colaborem com o crescimento da outra.
Em um dos cômodos, foi colocada uma poltrona confortável pensando em mães que querem amamentar. Em outro, tem um espaço amplo sem móveis para a realização de meditações guiadas. E tem também a sala de reuniões, isolada por uma parede de vidro. É a única em que os homens podem entrar — e, ainda assim, por um acesso lateral, para não cruzar a casa.
— A ideia de não permitir homens parte do entendimento que, mesmo que nem todos os homens tenham comportamento machista, quando tem um homem na sala, uma mulher pode estar se sentindo oprimida por experiências vividas ou por empatia por outras amigas — explica Gabriela Teló, 27 anos. — A gente não quer separar, acha importante que mulheres e homens lutem junto por direitos iguais. Mas, para conseguir se sentir mais confiante, precisava desse lugar neutro e seguro só para mulheres.
Gabriela Stragliotto, 27 anos, acrescenta que grandes empresas, em geral, são mais masculinas. Um exemplo bem prático: o ar-condicionado costuma ser regulado para gelar o ambiente, e as mulheres reclamam de frio constantemente em ambientes tradicionais de trabalho.
Atualmente a casa conta com 10 associadas e tem como principal público profissionais de áreas criativas (como design e comunicação social) e estudantes. Conta ainda com atividades como coaching em grupo, palestras com mulheres sobre temas do mercado de trabalho, grupos de estudos sobre feminismo plurais e happy hour para que todas se conheçam e falem sobre seus projetos.
Também recebe eventos, como o workshop que reuniu 12 mulheres de uma empresa de calçados na semana passada.
— Achei a ideia súper original, as mulheres se sentem muito bem aqui — disse Barbara Mattivy, 33 anos, empresária.
O coworking trabalha com daypass (ao custo de R$ 35) e planos mensais que vão de R$ 240 a R$ 540.