Labaredas consumindo fiação, vias fechadas, trânsito parado, um caminhão de bombeiros atravessado no meio da pista. A segunda-feira (12) começou com imagens impressionantes no cruzamento da Avenida Ipiranga com a Azenha, em Porto Alegre. A origem de tudo foi uma tentativa de furto de um cabo de baixa tensão da CEEE, que acabou tombando sobre fios telefônicos e gerando o fogo.
A Azenha foi totalmente bloqueada por volta das 6h50min, no cruzamento com a Ipiranga. Às 8h, o trânsito foi totalmente liberado na Azenha. A Ipiranga também chegou a ser bloqueada no trecho entre a Azenha e a Avenida Erico Verissimo, no sentido Centro-bairro, e teve duas faixas liberadas a partir das 8h20min. Uma parada de ônibus da Azenha chegou a ser deslocada para a frente do Hospital Ernesto Dornelles. No início da tarde, cerca de 10 equipes trabalharam para empresas de telefonia, de energia elétrica e de internet, entre outros serviços, para o conserto da fiação.
Segundo Jeferson Gonçalves, gerente da companhia na Região Metropolitana, foi um episódio incomum, com pouco risco de se repetir. Apesar de mais de 500 ocorrências de furtos terem ocorrido neste ano, a empresa não tem registro de outro incêndio de proporções semelhantes.
— A rede é segura. Nos últimos três ou quatro anos, não temos registros de cabos pegando fogo. O risco é mínimo e está relacionado à atuação de agentes externos, como a colisão de um carro com um poste ou uma tentativa de furto — afirma.
Por que a fiação pegou fogo?
-Uma tentativa de furto de um cabo da CEEE está na origem do fogo na esquina das avenidas Ipiranga e Azenha. Por volta das 6h, um homem escalou o poste que há no local e cortou um cabo da rede elétrica. A forma de ação desse tipo de criminoso consiste em cortar com alicate um cabo de baixa tensão junto a um poste e depois cortar a outra ponta do mesmo cabo no poste seguinte. Na segunda-feira, no entanto, o cabo cortado, que ainda estava energizado, caiu sobre fios da rede telefônica, que ficam mais abaixo. A corrente elétrica circulou por esses fios, que são de baixíssima tensão, provocando um superaquecimento que originou as chamas.
Tentativas de furto como a ocorrida no local são comuns?
-Neste ano, até outubro, a CEEE registrou 512 ocorrências na Região Metropolitana, totalizando 10,7 toneladas furtadas, um prejuízo de R$ 180 mil.
Com tantos furtos ocorrendo, há risco de novos incêndios?
-A CEEE afirma que o risco é muito baixo e que a situação ocorrida na Avenida Ipiranga foi incomum. Os criminosos quase sempre atuam em vias de pouco movimento, para evitar flagrantes, e não em grandes avenidas. Nessas ruas pouco movimentadas, há poucas fiações telefônicas, e não o aglomerado de fios que propiciou o fogo. Além disso, em grande parte da cidade os cabos são revestidos de material isolante, o que torna muito improvável um curto-circuito como o ocorrido ontem. Um terceiro elemento protetor é que as redes são projetadas com um afastamento mínimo, justamente para impedir que se toquem.
Em uma situação como essa, há risco para a população?
-Uma pessoa que estivesse no local no momento poderia ter sofrido uma descarga elétrica. Nos casos de furto, normalmente não há passantes, porque os ladrões escolhem locais e momentos sem testemunhas. De qualquer forma, a CEEE recomenda que quem vir um furto em ação não se aproxime.
Quais foram as consequências da queima da fiação?
-Além do bloqueio das vias próximas, que causou congestionamento, corte de energia e problemas na rede telefônica. Segundo a CEEE, 10 clientes ficaram sem eletricidade, mas o serviço foi restabelecido às 12h18min.
O que é possível fazer para impedir a repetição de situações como a ocorrida ontem?
-A CEEE afirma que tem um programa de substituição de cabos nus por outros com isolamento. Além disso, está iniciando um projeto de fiscalização nos mais de 100 mil postes da Capital. Há grande quantidade de fiações irregulares e sem utilidade, que serão removidas.
Fonte: Jeferson Gonçalves, gerente da CEEE na Região Metropolitana