O bailarino Alex Sandro Barbosa de Souza, 18 anos, morreu afogado na tarde deste domingo (11) em um açude em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. O jovem, que era morador de Guaíba, passava o dia com quatro tios e dois primos em uma fazenda quando se afogou.
Conforme Angélica Barbosa, irmã do bailarino, um primo entrou na água para tentar resgatá-lo. Foram duas tentativas, sem sucesso.
— Na segunda vez que voltou para cima da água, ele disse: "Se eu não voltar mais, avisa minha família e a Rosaura (primeira professora de balé do jovem) que eu amo eles". Depois disso, ainda se agarrou nas pernas do meu primo, que não conseguiu mais puxá-lo — relata Angélica.
O Corpo de Bombeiros de Eldorado do Sul foi acionado, mas, ao chegar ao local, a vítima já estava sem vida.
Um talento precoce
Em 2011, aos 12 anos, o bailarino passou a integrar Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, com sede em Joinville (SC). Alex foi apresentado por uma prima para a professora Rosaura Alves, do Grupo Vida, um projeto social que acontecia em escolas de Guaíba. O talento do garoto chamou a atenção da professora logo nos primeiros passos do balé clássico.
— Era um artista de alma. Ensaiávamos sem as roupas e os equipamentos necessários. Fizemos campanhas, brechós e até conseguimos um patrocínio para ele se manter no Bolshoi — recorda a professora.
Foram quase três anos de ensaios até a mudança para Joinville. Nesse tempo, Alex conquistou prêmios em concursos de dança, como o primeiro lugar no solo masculino do balé em um festival na capital gaúcha.
A coordenadora pedagógica do Bolshoi, Bernadete Costa, lembra do carisma do menino entre colegas e professores. Alex recebeu bolsa para completar a formação que dura oito anos. No entanto, após o sexto ano, resolveu voltar para casa.
— Acompanhava a rotina de ensaios dele, o desenvolvimento da dança. Hoje é um dia triste para todos nós — lamentou.
Atualmente, Alex estudava em um curso técnico e iniciaria, nesta segunda-feira (12), a dar aulas de flauta como voluntário em uma escola do município.
O empenho e a determinação de Alex na conquista dos rigorosos testes da escola russa são uma lição para a irmã do jovem.
— Mesmo sendo uma criança, na época, ele enfrentou o preconceito e conseguiu chegar lá. O recado que ele nos deixa é de nunca desistir daquilo que acreditamos.
O corpo do rapaz passou por perícia no Departamento Médico Legal (DML), em Porto Alegre. Ele foi enterrado na manhã desta segunda-feira (12) no Cemitério Municipal de Guaíba.