A morte da ciclista Débora Saliba, 42 anos, atropelada por um carro na manhã deste sábado (20), em Porto Alegre, causou comoção entre amigos e familiares. Débora foi atingida por um carro – o motorista não parou para prestar socorro – na Avenida da Cavalhada, na zona sul da cidade. Ela utilizava capacete, mas morreu na hora. A Polícia Civil investiga o caso.
— É uma grande perda para nós. Eu não tenho irmãos, então ela era minha irmã. A gente sempre se ajudou — diz a técnica de enfermagem Isabel Fátima Penning, 37 anos, que se considerava a melhor amiga.
Isabel conta que Débora praticava o cicloturismo há anos, mas recentemente estava mais assídua:
— Era muito amável, querida. Não era muito aberta, de sorrir para qualquer um, era mais na dela. Tinha os amigos, mas a conversa era sobre ciclismo.
Criado em uma loja de bicicletas localizada a 200 metros do local do acidente, Eduardo Macedo, 30 anos, conhecia Débora desde criança por conta do negócio que era gerenciado pelo pai. Débora era uma cliente fiel, que se tornou também uma pessoa próxima.
— No mundo da bicicleta, todo mundo se torna amigo — afirma Macedo.
Ele conta que Débora sempre pedalou, mas se tornou mais ativa há cerca de 10 anos. Segundo Macedo, a ciclista estava sempre usando os equipamentos de segurança recomendados. Inclusive durante o dia, pedalava com as luzes piscantes acesas e roupas coloridas.
— Podia estar um dia de sol danado e ela andava com o farol dianteiro e traseiro ligado — recorda Macedo. — A Débora estava sempre pedalando. Era difícil sair para pedalar e nao encontrá-la. A cultura dela era essa. Ela vivia em cima da bicicleta.
Em 2015, Débora teve uma vaquinha criada em seu benefício para ajudar a financiar a retirada de um nódulo no seio esquerdo. Isabel lembra que a amiga passou por uma cirurgia no hospital Ernesto Dornelles, mas não sabe dizer se a verba arrecadada foi utilizada. Segundo a página, ainda disponível no site Vakinha, a campanha obteve 81,85% (R$ 2.210) da meta de R$ 2.700.
Débora trabalhava em uma loja de departamento na Avenida Eduardo Prado, para a qual estaria se dirigindo no momento da colisão, e participava do grupo de ciclistas Pedal Zona Leste, criado pela estudante Julia Schneider Achutti, 28 anos. Julia, que conhecia Débora há cerca de um ano, explica que ela não era uma ciclista de velocidade, mas de longa distância:
— A Saliba sempre andou com todas as proteções necessárias para o ciclismo. Era uma referência nesse meio, uma mulher que encarava a estrada e usava a bicicleta para se deslocar para o trabalho.
Julia planeja uma homenagem à colega durante o passeio que o grupo tem marcado para este domingo até Glorinha:
— As pessoas falam principalmente do sorriso dela. Era uma pessoa sorridente, animada, batalhadora. O pessoal do meio tinha um carinho muito grande por ela justamente por isso.
Débora deixa um casal de filhos.