Um mutirão de 11 cirurgias urológicas vai inaugurar o aguardado bloco cirúrgico do Hospital da Restinga e Extremo-Sul, em Porto Alegre. Os procedimentos ocorrem na próxima terça-feira com pessoas que já consultaram e estavam cadastradas para serem operadas no Hospital Vila Nova. A partir da semana que vem, todas as etapas que antecedem uma cirurgia – consulta, exames e marcação do procedimento de acordo com a especialidade – já serão feitas dentro do hospital.
O primeiro procedimento será feito pelo médico Dirceu Dal'Molin, superintendente da Associação Hospitalar Vila Nova, que há duas semanas assumiu a gestão da instituição no lugar do Hospital Moinhos de Vento. As 11 vasectomias vão utilizar dois dos três blocos cirúrgicos disponíveis no hospital. O espaço está entre as principais demandas da comunidade, que por meio século reivindicou um hospital que atenda o extremo sul da Capital.
Já a abertura da UTI, outro setor importante da instituição que ainda não funciona, ficará para o começo de outubro. Os seis médicos contratados para atuarem na Restinga fazem parte, atualmente, da UTI do Hospital Dom João Becker, de Gravataí, onde precisam cumprir carga horária até o final do mês. A unidade de tratamento intensivo terá dez leitos.
– Eles (os médicos) saem do Dom João Becker, no dia seguinte já estão no hospital e a UTI é aberta – promete o diretor-executivo do Hospital da Restinga, Paulo Scolari.
Enquanto isso, ocorre o treinamento de enfermeiros, técnicos e fisioterapeutas e a validação de máquinas e equipamentos. Nesta semana, foram abertos mais 39 leitos, ampliando a capacidade da instituição para 101 leitos de internação.
Para completar o quadro de funcionários, ainda restam chegar 30 profissionais, que devem assumir as vagas já na semana que vem. Também será aberto na próxima quarta, o pronto-atendimento de traumatologia (que funcionará 12 horas por dia, seis dias por semana) com capacidade de fazer atendimentos de média complexidade.
A Associação Hospitalar Vila Nova assumiu o comando do hospital em 21 de agosto. A gestão do hospital será feita com valores repassados pelo SUS – rateados entre a União, Estado e município. Nos primeiros seis meses de transição, a quantia será de R$ 3,4 milhões. Após, o valor subirá para R$ 3,7 milhões. A meta da nova administração é, até o final do ano e com os serviços funcionando a pleno, dobrar o número de atendimentos: de 25 mil mensais para 55 mil.
Legado deixado pelo Moinhos de Vento
O Hospital Moinhos de Vento administrou o Hospital da Restinga desde sua inauguração, em julho de 2014 até agosto deste ano. Por meio de recursos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), deixou a UTI pronta para funcionar, com equipamentos e a infraestrutura necessária. Os demais equipamentos do hospital, além da área física, seguem o mesmo modelo da UTI do Hospital Moinhos de Vento, recentemente inaugurada.
Os 39 leitos que estão sendo abertos agora pelo Vila Nova já estavam prontos com materiais, equipamentos, infraestrutura, inclusive o enxoval (lençóis e fronhas), que estava comprado.
O mesmo ocorreu com o bloco cirúrgico, que foi construído e equipado com recursos de filantropia do Moinhos por meio do Proadi. Coube a Associação Vila Nova contratar e treinar pessoas para operar essas tecnologias de última geração.
O Moinhos também deixa um legado de educação e formação para o hospital. Durante o período em que esteve na Restinga, foram formados cerca de 1,3 mil técnicos de enfermagem. Só de especialização para estes profissionais (pós-técnico) foram formadas 240 pessoas em 2017.