Oficialmente, o Acampamento Farroupilha começa só na sexta-feira, mas a fumaça e o cheiro de carne assada já se instalou pra valer no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. A umidade do primeiro fim de semana e o barro gerado pela chuva que caiu sem parar desde a tarde de quinta-feira era obstáculo apenas para se chegar ao Acampamento Farroupilha. Lá dentro dos piquetes, era só festa, churrasco, chimarrão, cantorias e fandango.
Poder feminino
Entre os piquetes em pleno funcionamento está o Tche Garotas. Comandado pelas irmãs Peixoto, Núbia, 44 anos, Fernanda, 35, Elisângela e Vânia, 39 e 38 anos, respectivamente, ele completa 20 anos no Acampamento neste setembro. Segundo Núbia, as quatro irmãs foram as pioneiras em valorizar o poder feminino no meio tradicionalista. Quando começaram a empreitada, além do preconceito, tinham de fugir do pai para acampar na Estância do Harmonia.
— Há 20 anos, era o único piquete comandado por mulheres. Seguimos até hoje, passando de geração para geração — destaca Núbia, que ontem comemorava o aniversário ao lado da família.
Amizades
Aos poucos os são borjenses radicados na Capital vão tomando o piquete Das Barrancas do Rio Uruguai. Entre eles, Gilberto Flores, 58 anos, um de seus fundadores.
— Acampamos aqui há 35 anos. Começamos no tempo em que dormíamos em lonas, com ou sem chuva — lembra Gilberto.
Para ele, as amizades que são feitas no mês farroupilha é o principal motivo para comparecer todos os anos. Todo setembro, no Barrancas do Rio Uruguai, cerca de 15 pessoas acampam.
— Fazemos muitas amizades. A maioria só vemos aqui, uma vez por ano. As pessoas criam vínculos aqui — enfatiza.