Nem mesmo o tempo frio e nublado apagou o brilho da 1ª Parada LGBT+ da Restinga na tarde de ontem. A Esplanada do bairro recebeu homens, mulheres, adultos, jovens e crianças na primeira edição do evento, que tinha o objetivo celebrar a diversidade e o orgulho LGBT+.
Uma das organizadoras do evento e moradora do bairro, Cristiane Machado diz que a população LGBT aumentou bastante na comunidade. Porém, ainda há muito preconceito por parte da sociedade. Os jovens que se assumem cedo sofrem discriminação e acabam ficando fora das escolas.
— A LGBTinga é para homenagear e dar visibilidade à população LGBT da Restinga. É uma parada de empoderamento para a comunidade — destaca Cristiane.
Ao lado de Cristiane na organização, estiveram o pai Fabrício d'Oxum, a Casa Emancipa — espaço que oferece atividades e auxilia os moradores da Restinga —, e o ativista Luciano Victorino, do coletivo Juntos e organizador da Parada Livre de Porto Alegre.
— Fazer uma Parada LGBT aqui é um grande desafio, é muito diferente de organizar uma no Centro. Mas a comunidade se interessou e ficamos muito felizes. Porque a Restinga existe e resiste, e o evento serve para mostrar existem LGBT's aqui — diz Luciano.
Visibilidade
Enquanto no carro de som Cristiane e Bruna Belém apresentavam o evento e chamavam as atrações musicais e artísticas, a Esplanada era tomada pela comunidade LGBT+, por simpatizantes e também por curiosos.
Para os moradores, o evento serve também para mudar o que as pessoas pensam da Restinga.
— Todo mundo tem um estereótipo daqui, que acontecem apenas coisas ruins. Trazer o movimento é mostrar que a gente existe, é ocupar esse espaço, que também é nosso — comenta o assistente de marketing Daniel Nascimento, 23 anos.
— O evento traz a visibilidade, mostrando que a Restinga também é LGBT. O preconceito acontece porque as pessoas são menos instruídas e isso dificulta. A informação não chega aqui — aponta o barista Léo Aguiar, 22 anos.
Aposentada celebrou aniversário
Moradoras da Restinga, Andreza Varanti, 32 anos, e Cristiane Barbosa, 28 anos, são casadas há três anos. Acreditam que ainda há preconceito, mas que, aos poucos, a população LGBT+ está se impondo.
— Estava precisando de um evento desses aqui, afinal, a Restinga é quase uma cidade. Quem sabe daqui alguns anos não tenha a mesma proporção que a Parada da Redenção? —questionam.
Simpatizante da causa, a aposentada Regina Denise Vizeu comemorou o aniversário de 70 anos na Parada. Moradora da Lomba do Pinheiro, ela estava ao lado o irmão e morador da Restinga, Luiz Antônio, e dos filhos e netos.
— Sempre gostei. Mas nunca tinha ido a uma Parada, há muitos anos queria — contou, empolgada, Regina.
INFORMAÇÃO
Além do clima de festa, a Parada levou informação e serviços aos moradores. A equipe do PoaPrEP estava distribuindo um kit informativo para os presentes.
O projeto é uma nova estratégia de prevenção ao HIV/AIDS atráves de injeções. O estudo é destinado a homens que tenham relações sexuais com homens e mulheres transexuais. As informações podem ser obtidas pelo site www.poaprep.org ou no whatsapp (51) 99116-2839.
— É um desafio essas informações chegarem à população da periferia, mas é preciso levar essas questões, porque a prevenção deve ser para todos —, ressalta o educador comunitário e coordenador do estudo, Julio Barros, 54 anos.