A madrugada de terça-feira (29) — assim como as horas que seguiram — foi de filas de veículos em frente a postos de combustíveis em Porto Alegre. Em meio à greve dos caminhoneiros, motoristas estavam na expectativa de conseguir alguns litros de gasolina para retomar a rotina, muitos com base numa lista de postos divulgada pela prefeitura.
O pedreiro Guiné Júnior, 30 anos, era o segundo da fila num posto da Avenida Bento Gonçalves devido à desistência dos cerca de 30 que estavam na sua frente. Disse que chegou às 4h. Quando o relógio marcou 16h, conseguiu arrancar seu carro com combustível na reserva para abastecer R$ 100, máximo liberado pelo estabelecimento.
— Passei da madrugada até agora ouvindo rádio e mexendo no celular, esperando o tempo passar. Preciso do carro para ir trabalhar. Hoje, por exemplo, não trabalhei — conta.
O funcionário público Cristiano Costa, 39 anos, chegou cerca de uma hora depois na fila em que estava Guiné:
— Passei o dia com celular e rádio. Comi no mercado aqui em frente.
O sushiman Ricardo Baptista de Oliveira, 23 anos, era um dos primeiros da fila de pessoas a pé que queriam encher galões com gasolina. Ficou cerca de duas horas sob o sol.
— Vim pegar gasolina para a minha moto. Estou sem desde a semana passada — disse, acrescentando que apoia a greve. — É bom para nós, a gasolina está cara.
O corretor de imóveis e motorista de aplicativo Glênio Mesko, 51 anos, ficou sabendo pela Rádio Gaúcha que uma carga de 45 mil litros de combustível estava chegando num posto do bairro Azenha. Disse que, assim que ouviu no rádio, pegou o veículo para enfrentar a fila. Ficou cerca de duas horas e meia aguardando para abastecer R$ 100:
— Estava sem trabalhar com aplicativo desde sexta-feira passada. Vou trabalhar com essa gasolina até quando durar. Acho que até meia-noite. Depois, entro na fila para abastecer de novo — conta. — Mas, se for para melhor, compensa o sacrifício — acrescenta.