No momento mais aguardado da missa campal da 64ª Festa de Nossa Senhora do Trabalho, na Vila Ipiranga, em Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (1º), em meio à chuva, centenas de fiéis ergueram as carteiras de trabalho pedindo a bênção da padroeira dos trabalhadores. A tradicional celebração iniciou com a procissão que saiu do Parque Germânia e percorreu vias importantes da Zona Norte, como as avenidas do Forte, Brasília e Bento Mentz, até a Paróquia Santuário.
Em meio à missa, devotos emocionados aproximavam-se da imagem, encostando as carteiras de trabalho de familiares. Era o momento de pedir proteção ao emprego ou uma nova oportunidade no mercado. A dona de casa Ilsa Mattos, 73 anos, moradora da Vila Ipiranga, não conteve as lágrimas ao pedir auxílio da santa.
— Pedi que proteja os meus dois filhos e que dê um emprego à minha filha. Sou devota desde criança e sempre me emociono nesta data — contou.
Ao contrário de Ilsa, a microempresária Zaida Terezinha Rodrigues, 61 anos, do bairro Cavalhada, levou um livro sobre condomínios para ser abençoado. Há alguns meses, Zaida deixou de ser empregada em edifícios para se tornar patroa. Ela abriu uma empresa de limpeza de condomínios e está buscando contratos para dar trabalho a 20 funcionários.
— Estamos precisando muito aumentar a clientela. Vim pedir que a santa interceda para que eu possa ajudar outros desempregados — disse.
Fieis de outras cidades vieram especialmente para participar da celebração. Moradora de Cachoeirinha, a recepcionista Paula Lima Amorim, 40 anos, fez questão de estar antes das 8h no ponto de partida da procissão. Desde os seis anos, quando foi coroinha na paróquia da Vila Ipiranga, Paula mantém o dia 1º de maio como momento sagrado de devoção à santa. Desta vez, levou as carteiras de trabalho dela e do marido para pedir proteção aos empregos de ambos.
— Nosso feriado do dia do trabalhador sempre tem a mesma programação: começa com a nossa participação na celebração à Nossa Senhora. É o momento de agradecermos pela nossa saúde e de pedir proteção aos nossos trabalhos, já que tantos estão sem emprego — comentou.
Homilia
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE, 13,7 milhões de brasileiros estão sem emprego no país. No trimestre encerrado em março, a taxa de desocupação no Brasil cresceu 1,3% em relação ao período trimestral anterior (12,6%). A situação econômica atual do país e o tema da campanha da Fraternidade 2018 _ Fraternidade e superação da violência _ estiveram presentes na homilia do bispo auxiliar de Porto Alegre Dom Adilson Pedro Busin.
_ Que os novos projetos políticos façam um Brasil mais justo, com menos privilégios apenas para alguns, que facilitem a geração de mais empregos. É preciso reconciiar a Justiça, a paz e a transparência por uma nação menos excludente. Que as palavras do Papa sejam seguidas: "nenhum camponês sem terra, nenhuma família sem casa e nenhum trabalhador sem direitos!" _ reforçou.
Depois da missa, Padre Ezequiel, de Caxias do Sul, comandou uma celebração musical até o final da manhã. Depois, a festa seguiria com almoço e, no período da tarde, um festival de bandas católicas.
A história de Nossa Senhora do Trabalho
A primeira festa em honra à Nossa Senhora do Trabalho foi realizada no dia 1º de maio de 1901, na Itália. A imagem da mãe abençoando um agricultor e um carpinteiro foi idealizada por São Luís Guanella, fundador da Congregação das Filhas de Santa Maria da Providência e dos Servos da Caridade e principal propagador da devoção a Nossa Senhora do Trabalho.
A 64ª Festa em Honra a Nossa Senhora do Trabalho está inserida no calendário oficial da prefeitura de Porto Alegre e é uma realização dos fiéis da Igreja Católica.