A passagem do Bloco da Laje pela Vila do IAPI, na Zona Norte, no último domingo (28), deixou um rastro indesejado na fileira de margaridas que adornam o meio-fio da Rua Rio Pardo, junto ao Parque Alim Pedro. Apesar do esforço de organizadores, que instalaram placas pedindo para que os foliões cuidassem da vegetação, dezenas das flores cultivadas pelo taxista Gilberto Pitrofski, 56 anos, foram pisoteadas.
Morador de um edifício em frente ao parque, Gilberto fez da calçada uma extensão de seu jardim. Tudo começou há seis anos, quando ele ganhou de uma vizinha três pés de margarida. Depois de plantá-las no próprio quintal, germinaram outras 60 mudas. Foi aí que ele viu a oportunidade de florir a já arborizada via, pela qual ele se declara "apaixonado".
— A intenção era deixar a rua mais bonita, mas, principalmente, fazer florescer a sementinha do espírito coletivo. Sou eu que planto as margaridas, mas elas não são minhas. Elas são de todos — afirma.
O desejo do taxista se concretizou: um vizinho começou a ajudar no cultivo das flores, outros passaram a cuidar dos canteiros, e a iniciativa se espalhou. Hoje, é possível ver margaridas adornando outros cantos do bairro.
— Meu sonho é tornar Porto Alegre uma Holanda das margaridas — projeta.
Após a filha de Gilberto postar no grupo do bloco no Facebook que as flores foram destruídas, diversos membros se ofereceram para ajudar a repor as plantas — o mutirão deve ocorrer em abril.