Cada escola de samba paga caseiros para permanecerem durante o ano inteiro na área do Complexo. Mas a falta de vigilância no terreno e a inexistência de qualquer atividade externa fora do período de Carnaval transformaram numa terra de ninguém o Complexo Cultural do Porto Seco.
Durante o dia e à noite, a prostituição e o uso de drogas no entorno, e até dentro da área pertencente à administração municipal, são constantes. Em dois dias circulando no trecho, a reportagem flagrou a circulação intensa de carros e motos em busca de sexo barato. O próprio terreno do Complexo vira motel a céu aberto.
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Moradora de um dos barracões, uma mulher que pede para não ser identificada por questões de segurança revela as dificuldades de quem vive na área.
– Quando estamos voltando com as crianças da escola, perto do meio-dia, é comum flagrarmos cenas de sexo explícito por aqui. Não podemos fazer nada. À noite, isso chega a ocorrer na porta dos barracões, junto com o consumo de drogas – afirma.
Outro problema que já se tornou comum no local é a danificação do patrimônio público. Em qualquer horário, ladrões furtam o que encontram pela frente, de grades de ferro a portões com 13 metros de largura, de telas à fiação elétrica. Até o motor da água tentaram arrancar. O próprio Diário Gaúcho alertou sobre a situação em diferentes reportagens sobre o tema.
A Brigada Militar costuma circular pela região e as empresas que atuam no entorno do Porto Seco também mantêm seguranças particulares. Mas nenhuma das ações é capaz de acabar com a violência no trecho vizinho a remoções de famílias feitas pela prefeitura e de ocupações irregulares.
Sem luz e sem verba para vigilância
Depois do furto mais recente dos fios de 20 postes ligados aos barracões, os prédios estão sem energia elétrica no andar térreo. A situação segue sem solução.
Somente entre novembro do ano passado e junho deste ano, a Liespa gastou R$ 80 mil do próprio bolso para repor portões furtados. Não haviam terminado de instalar um deles, quando outro – o dos fundos do terreno – foi arrancado e parte da cerca de concreto derrubada. O espaço segue aberto, permitindo a circulação intensa de estranhos no terreno.
Segundo Juarez, a entidade não tem condições financeiras de manter a segurança externa no local.
– Está muito complicado. Gastamos de um caixa quase inexistente para recuperarmos parte do que já foi perdido. Não temos receita de R$ 30 mil mensais para pagarmos guardas. Estamos operando no vermelho, chegamos a um ponto que nós estamos de mãos atadas – desabafa.