Quando tinha nove anos, Lucas Mallet Lima Serrati ganhou um skate. Mas ficar sobre quatro rodinhas só era possível com ajuda: seu pai precisava segurá-lo todo o tempo. É que Luquinhas, como é chamado, sofreu uma paralisia cerebral durante o parto. Hoje, aos 11 anos, vai ao Educandário São João Batista, na zona sul de Porto Alegre, para fazer fisioterapia duas vezes por semana.
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Lá, o menino experimenta a sensação de liberdade ao ficar sozinho no brinquedo que tanto adora, graças ao projeto Skate Acessível, desenvolvido por profissionais do Educandário. Em pé, com o auxílio de um andador e com fitas elásticas para fixar os pés no shape, Luquinhas não contém a empolgação:
– Uhuuuuuuuuul! – grita, embalado pela mãe, Carine Lima, 36 anos, e por uma das fisioterapeutas.
Em março, 10 fisioterapeutas criaram a iniciativa, que atende, de graça, 180 crianças e jovens de até 21 anos. Inspirado em um trabalho realizado em Curitiba (PR), o projeto tem o objetivo de criar skates adaptados para pessoas com deficiência e incorporar uma atividade mais lúdica no tratamento de pessoas com pouca mobilidade.
A adaptação varia conforme a necessidade de cada um. Seja sentado, seja com o auxílio de um andador e barras de ferro, todo mundo pode andar no skate. De acordo com Francine Bonalume, coordenadora do setor de fisioterapia da entidade, a prática do esporte torna as sessões mais divertidas, além de melhorar a coordenação motora, o equilíbrio e a força muscular.
– São crianças e adolescentes, e muitos estão conosco desde pequenos. Então, a terapia, por si só, acaba se tornando um pouco chata para eles. Aí surgiu a ideia de fazer uma tratamento mais motivacional, mais prazeroso, o que acaba contribuindo para o desenvolvimento deles – explica.
Quando Carine ficou sabendo do projeto que estava sendo elaborado no São João Batista, ela e o marido começaram a pensar em formas de adaptar o skate de Luquinhas. Em um dia de tempo bom, o casal amarrou um andador que tinha em casa no skate do menino e foi até uma pista em Guaíba.
– Foi uma curtição, e todo mundo na pista nos recebeu super bem. O Lucas se sentiu mais livre, foi lindo. Agora, com esse projeto, deu mais liberdade para ele. É uma realização, é uma iniciativa muito bacana. Mostra que todos podem se divertir – relata a mãe.
A iniciativa conta com a parceria das empresas Spot Skateparks, que doou o projeto de uma pista de skate adaptada, e Mercur, que fornecerá parte do material para as adequações. Além disso, o grupo Jam Skatinga, da Fundação Padre Leonardi, no bairro Restinga, confeccionará os shapes e doará a mão de obra da pista, que será feita no pátio da instituição, em uma área coberta.
– Já ganhamos 10 skates, que ainda têm de ser adaptados. Foi muito bacana ver pessoas de diferentes áreas olhando para as crianças, pensando no tipo de adaptação que cada uma precisa – conta Francine.
Por enquanto, as atividades esportivas são feitas "no improviso", conforme a fisioterapeuta. Os skates ainda serão adaptados de forma definitiva. Mas, para isso, a instituição precisa arrecadar fundos para a compra de parte dos materiais de construção da pista e dos objetos necessários para as adaptações, como botas para serem fixadas no skate e barras de ferro – a entidade precisa arrecadar cerca de R$ 2 mil.
Para ajudar
Quem quiser ajudar pode acessar o site www.educandario.org.br e clicar no link "como ajudar" ou entrar em contato com a entidade pelo telefone (51) 3246-5655.