O suposto caso de homofobia que teria ocorrido em uma festa de formatura no salão Imperatriz do clube Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre, ingressará na segunda-feira (14) na fase de depoimentos na Polícia Civil, que busca esclarecer os fatos, até agora narrados por duas visões antagônicas.
Os relatos dos denunciantes estava marcados para serem apresentados nesta sexta-feira (11) na Central de Termos Circunstanciados, junto à 13ª Delegacia de Polícia, no bairro Cavalhada. Os dois, no entanto, não compareceram e os advogados remarcaram para segunda-feira. A investigação é conduzida pela delegada Cristiane Pires Ramos. Ela explica que os eventuais delitos em análise são de lesão corporal leve e injúria.
O casal formado pelo empresário e psicólogo Marcus Vinicio Soares Beccon, 53 anos, e o estudante universitário Raul Silveira Weiss, 22 anos, diz ter sofrido agressões psicológicas, verbais e físicas motivadas por homofobia depois de trocarem um beijo na festa. Um dos supostos agressores, segundo os denunciantes, teria sido o empresário Pablo Beis, pai da formanda. Beis nega as acusações.
A delegada aguarda o resultado do exame de lesão corporal feito por Beccon ainda no último sábado, horas após a altercação ocorrida no salão do Leopoldina Juvenil. Também será requisitado o relatório feito pela equipe de cerimonial da festa, um documento produzido costumeiramente com o intuito de descrever eventuais problemas. Cristiane já recebeu as imagens das câmeras de segurança do clube. Não há registros das cercanias do bar, onde teria ocorrido o principal momento de atrito entre o casal e Beis. Neste ponto, no centro da pista de dança, também foram montadas as estruturas das equipes de som e iluminação da festa. Os vídeos mais nítidos são do saguão do Leopoldina Juvenil, última peça antes da porta de saída.
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A delegada também tomará, no início da próxima semana, as declarações de Beis. O advogado dele já fez contato colocando o cliente à disposição. Em entrevista à Rádio Gaúcha, Beis negou as supostas agressões e ofensas. Ele afirmou ter sido abordado por três vezes por Beccon, que teria exigido a identificação de quem havia lhe jogado bebida. Na última ocasião, relata o pai, ele estaria alterado, o que causou uma discussão mais acalorada. O pai da formanda ainda disse que Beccon foi puxado pelo namorado, com a intenção de retirá-lo da centro da tensão. Neste momento, o publicitário teria se desequilibrado e caído no chão.
Mais versões conflitantes seguem a partir desse ponto. Beccon diz ter sido agredido pelo pai e por outras pessoas. Depois, teria sido levado à força por seguranças. Beis refuta. Diz que tentou ajudar Beccon a se levantar. O convidado, ao perceber que era o pai quem lhe dava apoio, teria se jogado ao chão novamente. Por fim, ele teria levantado e ido embora sem ser importunado.
A delegada solicitará que as partes apresentem possíveis testemunhas. Se as imagens forem inconclusivas, ela explica que os depoimentos de outras pessoas poderão ser relevantes para tentar elucidar o caso.