Diretor-geral do Sindicato dos Municipários (Simpa), Alberto Terres comemora a conquista de quarta-feira na Câmara, quando foi retirado de votação o projeto que desobrigaria a reposição automática da inflação aos servidores. Mas foi apenas uma batalha vencida pela categoria: ainda haverá parcelamento do salário e a votação do projeto que aumenta a alíquota previdenciária. Terres acredita que a crise não é tão grave como é divulgado pelo governo, e diz que o prefeito cria terrorismo para tirar direitos dos trabalhadores.
Leia mais:
Ao parcelar salários, prefeitura acirra ânimos com servidores e vereadores
Como prefeito, vereadores e servidor enxergam a situação financeira da cidade
"O sindicato chama de terrorismo. Nós, de transparência", diz secretário
Qual é sua posição sobre as medidas da prefeitura para atenuar a crise?
A justificativa deles é de que a situação financeira da prefeitura hoje é caótica. Isso não é verdade, a situação financeira da prefeitura não é que nem a do Estado, como o governo tem apresentado para a sociedade. Ele (o prefeito) está manipulando os recursos da prefeitura para aterrorizar os servidores, criar o caos na sociedade e aí tirar direitos dos trabalhadores.
O senhor pode explicar isso?
Se o governo, a partir de janeiro, não contratou nenhum funcionário, demitiu CCs, deixou de pagar empresas, como a folha subiu de R$ 147 milhões (no final do ano passado) para R$ 180 milhões? O prefeito faz o cálculo da receita da prefeitura através do fluxo de caixa, mas na administração pública tem que ser feito anual, no exercício. É óbvio que em um mês tu tem uma dívida maior e, no outro, uma dívida menor. Neste momento, ele jogou para dentro do cálculo a indenização dos CCs que demitiu, um terço de férias para quem tirou férias e o 13º salário, jogou tudo para esse mês. Historicamente, isso é diluído durante o ano. Além disso, tem um projeto na Câmara, para buscar R$ 120 milhões em financiamento para terminar as obras da Copa. Isso prova que tem capacidade de endividamento, de buscar dinheiro externo.
O senhor vê a retirada do projeto que desobrigaria a reposição automática da inflação como uma vitória?
O governo foi derrotado pelos municipários. Os vereadores também entenderam que não repor a inflação é confisco do salário. Não adianta ele fazer o terrorismo com os municipários, que vai ser derrotado. O prefeito não está dialogando com ninguém, não dialoga com a categoria, nem com os vereadores, por isso foi derrotado.
Nesta semana, o governo anunciou o parcelamento de salários.
Continuaremos mobilizados para evitar qualquer tipo de parcelamento de salários e para evitar o aumento da alíquota da previdência, que é inconstitucional. Essas questões atingem 24 mil servidores, entre aposentados e ativos, fora as famílias. Tu não tens a certeza que vai chegar ao final do mês e vai conseguir saldar as tuas dívidas, e muito menos conseguir fazer qualquer dívida porque tu tens essa insegurança. Essa insegurança não reflete só na saúde do trabalhador, reflete também no próprio atendimento à população. Como tu vais atender a população se não tens a segurança de que vai ter o salário pago em dia? Os trabalhadores hoje estão doentes em função desse processo de ameaças e terrorismo diário do prefeito Marchezan.