Após rejeitar uma proposta alternativa dos diretores para a reestruturação da rotina das escolas da rede municipal de Porto Alegre, o secretário municipal da Educação, Adriano Naves de Brito, confirmou nesta quinta-feira que vai cortar o ponto dos professores que não aderiram às mudanças apresentadas pela prefeitura no fim de fevereiro.
Só 11 de 52 escolas de ensino fundamental do município implementaram as alterações, segundo balanço da Smed. Outras 31 estão "em processo de adesão" e 10 sem previsão de mudar. A nova rotina foi apresentada no dia 21 de fevereiro em reunião com os diretores das instituições de ensino da rede. Entre as mudanças está a redução diária da jornada do professor, de quatro horas e meia para quatro horas, com início das atividades às 8h e não mais às 7h30min.
Leia mais:
Mudanças nas escolas municipais de Porto Alegre: o que pensam prefeitura, professores e pais
Professores protestam após anúncio de alteração na rede de ensino da Capital
Segundo o secretário, o corte no ponto dos professores já pode acontecer este mês, mas ele garante que ainda vai negociar com as escolas e que as instituições que apresentarem justificativa para demora na implementação das mudanças não serão afetadas por enquanto.
– Já estamos fazendo essa avaliação do ponto, o corte já pode acontecer, mas estamos dialogando, pode haver uma justificativa para a demora na implementação das mudanças – disse.
Segundo a Smed, serão afetados com o corte os educadores que seguirem no modelo de compensação das horas trabalhadas a mais na semana.
Diretores de pelo menos 13 escolas de ensino fundamental da Capital participaram de uma reunião na quarta-feira com o secretário, na sede da Smed, para apresentar uma alternativa. Pela proposta dos educadores, as aulas começariam às 7h30min, permitindo que os professores acompanhem os alunos das séries iniciais durante as refeições. Com isso, seria mantido o dia de compensação das horas trabalhadas a mais pelos educadores. Os diretores concordaram em não dispensar mais os alunos durante as reuniões semanais.
– A principal demanda dos pais é que os alunos sigam com atividades com os professores desde as 7h30min. Falamos isso para o secretário, mas ele rejeitou um acordo. E confirmou que a escola que não estiver na nova rotina, o diretor irá arcar com a responsabilidade de dar falta aos colegas – afirma a diretora da Escola Municipal Anísio Teixeira, Rosele Bruno de Souza.
Naves de Brito disse que já houve um avanço na compreensão por parte do diretores de que não é possível que os alunos sejam liberados das aulas para as reuniões pedagógicas. Sobre as demais propostas, ele confirmou que não fará alterações porque acredita que o modelo adotado pela secretaria mantém o professor por mais tempo ensinando os alunos.
Os diretores que formularam a proposta alternativa discordam. Segundo Rosele, as escolas que adotaram o modelo da prefeitura permanecem com o dia de compensação. As instituições de ensino agora planejam reuniões com a comunidade escolar para decidir o que será feito diante da confirmação do corte no ponto.
O diretor-geral do Sindicato dos Municipários (Simpa), Jonas Reis, diz que o secretário se recusa a negociar e usa o corte do ponto para ameaçar a categoria.
– Nós estamos tentando construir um diálogo,mas o secretário é intransigente. Vamos seguir com as regras antigas, que têm respaldo dos órgãos máximos das escolas, que são os conselhos escolares.
Comparação da proposta dos diretores com o modelo da prefeitura:
Horário em sala de aula
Proposta da prefeitura: 4 horas diárias - das 8h às 12h
Proposta dos diretores: 4h30 diárias - das 7h30 às 12h
Duração dos períodos
Proposta da prefeitura: cinco períodos de 45 minutos
Proposta dos diretores: cinco períodos de 50 minutos
Reuniões pedagógicas
Proposta da prefeitura: alunos permanecem nas escolas durante as reuniões
Proposta dos diretores: alunos permanecem nas escolas durante as reuniões
Dia de compensação
Proposta da prefeitura: professores passam a lecionar cinco dias por semana. Permanecem com duas horas para atividades extra-classe.
Proposta dos diretores: professores lecionam quatro dias (4h30) e no quinto dia são substituídos por um colega que já acompanha a turma (volante).