A tomada das ruas pela população, muitas vezes em eventos que atraem dezenas de milhares de pessoas, desperta controvérsia entre organizadores e participantes, de um lado, e uma parcela dos moradores das localidades que recebem essas atividades – principalmente quando envolvem consumo de álcool ou grandes quantidades de lixo descartado.
A Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Moinhos de Vento (Moinhos Vive), por exemplo, pretende evitar que as festividades do Saint Patrick's Day (São Patrício, padroeiro da Irlanda), realizadas no dia 17 de março na Rua Padre Chagas, repitam-se no local.
Leia mais:
Porto Alegre chega aos 245 anos embalada pela ocupação de espaços públicos
Cinco exemplos de ocupação dos espaços públicos
"Há uma reação coletiva à sensação de insegurança", afirma urbanista
– É complicado realizar eventos que reúnem milhares de pessoas em áreas eminentemente residenciais. Quando há ingestão de álcool, é difícil estabelecer limites. Tem gente que faz xixi na rua, que briga. Não é conservadorismo, mas é complicado bloquear ruas onde há muitos moradores, além de escritórios de profissionais liberais como médicos ou advogados – analisa o presidente do Moinhos Vive, Raul Agostini.
Para Agostini, é importante encontrar locais "mais adequados" para a realização de iniciativas a céu aberto. A mobilizadora urbana Susana Jung, 26 anos, contratada para a organização do Saint Patrick's neste ano, sustenta que sempre segue todas as exigências feitas pela prefeitura, como a contratação de segurança e a instalação de banheiros químicos. Para Suzana, a democracia prevê o uso dos espaços públicos apesar da eventual contrariedade de algumas pessoas – e sustenta que os eventos também acabam por educar os participantes:
– Procuramos sempre utilizar as áreas públicas de forma consciente, estimulando que se jogue o lixo no lixo, que se usem os banheiros.
O secretário de Desenvolvimento Econômico da Capital, Ricardo Gomes, acredita que houve excessos em razão do elevado número de participantes, e afirma que isso será levado em conta no planejamento de eventos futuros na cidade.