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O Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu) votou o valor da nova passagem de ônibus de Porto Alegre nesta terça-feira. O cálculo da tarifa, feito pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), ficou em R$ 4,05. Na apreciação, que teve início às 10h, 17 conselheiros se manifestaram sobre o estudo. A sugestão foi aprovada por 14 votos a três – apesar do protesto de estudantes, contrários ao aumento.
Segundo o parecer elaborado pela EPTC e lido durante o encontro na sede da da empresa, o principal fator que motivou o aumento de 8% em relação a atual tarifa, R$ 3,75, foi a queda de 11% no número de passageiros que pagam passagem em relação a 2015. Assim, mesmo com uma economia em fatores como combustível em torno dos 3%, o reajuste seria necessário para não haver alterações no serviço prestado atualmente pelas empresas de ônibus.
– A única maneira de não reajustar, nesse caso, seria reduzir proporcionalmente o serviço que é oferecido. Mas isso prejudicaria os usuários – disse o coordenador de regulação de transporte da EPTC, Márcio Saueressig.
Estudantes protestam contra aumento da passagem
Prefeito deve decidir até sexta-feira sobre a nova passagem de ônibus
Base aliada prefere rever meia passagem a cortar isenções para idosos
Até sexta-feira, o prefeito Nelson Marchezan Junior deve decidir sobre o novo valor da tarifa de ônibus de Porto Alegre. A tendência é de sanção. Os usuários que possuem créditos ou abastecerem o cartão TRI antes da nova passagem, terão 30 dias para utilizar o valor de R$ 3,75.
Apesar de a ampla maioria dos conselheiros – incluindo todos os representantes de órgãos da prefeitura – terem acatado a proposta da EPTC, os argumentos utilizados pelo órgão para justificar o aumento foram questionados por representantes das três únicas entidades que não aprovaram o valor sugerido. Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Municipal do Estudantes Secundaristas de Porto Alegre (Umespa) e União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa) levantaram questionamentos sobre a lógica aplicada para chegar ao reajuste.
– Temos nos posicionado historicamente contra o reajuste porque entendemos que, quanto mais se aumenta o preço da passagem, menos pessoas conseguem utilizar o transporte público, o que vira justificativa para novos aumentos a cada ano – destacou o presidente da Uampa, Getúlio Vargas Júnior.
Diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti admite que o preço é visto como o principal fator que determina a utilização do transporte público, mas acredita que melhorias na qualidade do sistema e reforço na segurança podem reverter a situação atual para o ano que vem:
– O preço é o principal item que atrai as pessoas para o transporte público, mas também tem a questão da qualidade, da confiabilidade, da segurança. Com certeza, a colocação de GPS e o reconhecimento facial vão trazer efeitos positivos no números de passageiros – disse o diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti.
Conforme o responsável pela EPTC, a prefeitura já realizou estudos e pretende implantar reconhecimento facial e GPS em toda a frota. Enquanto o reconhecimento facial permitiria um maior rigor na aplicação das isenções, o GPS permitiria a prefeitura e usuários fiscalizarem em tempo real a tabela horária das frotas de ônibus – Soletti admitiu que atrasos recorrentes têm gerado reclamações de usuários desde o começo do ano. As ações teriam início ainda neste ano.
Outro fator discutido durante a votação foi o peso das isenções no valor da tarifa. Segundo a EPTC, atualmente, 35% dos usuários do sistema de ônibus da Capital usufruem desse benefício. Em abril, o prefeito Nelson Marchezan encaminhará à Câmara Municipal o pacote que propõe reduzir as gratuidades no transporte público. Pessoas com idade entre 60 e 64 anos – que hoje não pagam passagem se tiverem renda de até três salários – estão na mira da prefeitura.