Depois de passar pelo maior susto de sua vida, a bióloga Ana Paula Dufech, 37 anos, conversou com ZH por telefone e relatou os momentos de dificuldades vividos a bordo de um bote à deriva, no Guaíba. Ela e o namorado, o consultor de marketing Rafael Vidal Filho, 31 anos, haviam desaparecido no fim da tarde de sábado e foram resgatados na manhã deste domingo por pescadores, perto da Ilha do Presídio, sãos e salvos, para alívio de amigos e familiares. O segredo para suportar as mais de 12 horas no Guaíba, segundo Ana Paula, foi manter a calma. Confira os principais trechos da entrevista:
Você pode contar o que aconteceu?
A gente tinha comprado o bote e mandado na oficina para dar uma geral. No sábado, decidimos testar. Passamos na casa do meu irmão antes e combinamos de fazer um churrasco logo depois. Era para ser algo rápido, de meia hora. Só que ficamos sem combustível. O bote deveria ter autonomia de três horas, mas não durou nem meia hora, e o vento nos empurrou para longe.
Como foi passar a noite à deriva no Guaíba?
Não tínhamos levado nada com a gente, justamente porque seria apenas um teste rápido. Acho que o pior foi não ter água potável. Também passamos frio, porque nos molhamos com o temporal que caiu à noite, e perdemos um remo.
Vocês tiveram medo de que o bote virasse?
O Rafael tirou Arrais (habilitação para conduzir embarcação), e eu costumo navegar, porque sou bióloga e trabalho com peixes, então conseguimos manter a calma e esperar pelo resgate. Estávamos de coletes salva-vidas.
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Vocês conseguiram manter a tranquilidade mesmo durante o temporal?
Teve um momento em que me desesperei. Ia começar a chover, e a gente saltou do barco para tentar empurrar, mas não deu certo. Foi o Rafael que me acalmou. Ele dizia o tempo todo que era para eu pensar em coisas boas e ficar calma. Nos abraçamos para nos proteger da chuva e do frio.
Você já tinha passado por uma situação dessas?
Assim, com uma tempestade, não. Ficamos com receio dos raios, especialmente por causa do motor, que é de metal.
Como foi o resgate?
De manhã cedo vimos um pessoal indo pescar. Gritamos e pedimos ajuda. Quando souberam da história toda, ficaram apavorados.
Vocês pretendem voltar a usar o bote depois disso?
Sim. Faz parte do meu trabalho. Amanhã mesmo o bote vai para água de novo, dessa vez em Santa Catarina.