Tinha cachorro, criança, adulto e idoso. Gente fantasiada, de capacete, com capa, e até de biquíni. Vieram aqueles que queriam lutar, os que queriam dançar, e também os que desejavam se molhar. Nessa mistura, o que os uniu foi um único objetivo: se divertir. E foi no tom de brincadeira e risadas que aconteceu, durante a tarde de domingo, na Redenção, o Anime Verão - Encontrão Gaúcho 2º Edição, evento que reúne fãs de animes e mangás (histórias e desenhos animados produzidos no Japão). A atividade, organizada pelo vendedor de bótons Gabriel Luis, ocorre a cada estação do ano, sempre no mesmo lugar – próximo ao templo do Buda.
– A ideia é promover um evento amistoso, sem compromisso, já que a maioria dos encontros para este público são pagos. Aqui, o único objetivo é a alegria mesmo.
E, para os fãs de animes, diversão significa encontrar os amigos, competir com espadas e desfilar fantasiados. Aliás, grande parte das atividades do evento foram voltadas especialmente para o público cosplay (hobby onde os participantes se fantasiam de personagens fictícios). Foi a possibilidade de encarnar um novo personagem que atraiu a estudante Julia Pilati, 23 anos, ao evento. Frequentadora dos encontros desde 2009, ela hoje é jurada do desfile de fantasias.
– Eu acho que é um ambiente muito livre, dá para colocar as roupas que a gente quiser, interpretar personagens. É neste momento que podemos exercer isso. Às vezes, quando não temos para onde ir, colocamos nossas perucas e vamos ao shopping, mas muitas vezes os seguranças nos tiram de lá – brinca a jovem.
Já para o estudante Daniel Cerveira, 31 anos, o assunto é mais sério. Daniel, ou Ninja, ou Capitão, ou qualquer um dos nomes que gosta de ser chamado em referência aos personagens que interpreta, é um dos pioneiros do cosplay em Porto Alegre. E considera esse hobby uma parte importante de sua vida. Desde 2001, quando ocorreu o primeiro encontro, ele já estava lá, com sua espada e roupa de lutador medieval:
– Venho vestido de Capitão Brohak, um personagem criado por mim. Ele não tem superpoderes, mas é um bárbaro muito irritado, que bebe e nunca fica bêbado. Na verdade, esse é um local em que eu fico livre de preconceitos, livre das pessoas que acham essa nossa escolha uma coisa estranha. Sofri muito quando era mais jovem, pois ainda não existia essa cultura em Porto Alegre. Hoje, ainda bem, temos vários encontros para nossos grupos.
Nesta edição, além das atividades voltadas especialmente para o público cosplay, o que ganhou destaque foi a guerra de bexiguinhas, que arrancou gargalhadas e fez os mais de 200 participantes correrem pelo parque. Neste momento, não só os fãs da cultura japonesa participaram, mas sim dezenas de pessoas que ficaram sabendo, pela internet, da atividade com água.
Este foi o caso da auxiliar de produção Anelise Aguilera, de 31 anos. Após confirmar presença pelo evento criado no Facebook, ela levou uma amiga e a filha Melissa, de 7 anos, para se molharem no parque.
– Nem sabia que o evento era organizado por esse pessoal, estou até surpresa. Mas estou achando muito bacana – contou a Anelise, quanto a filha terminava de organizar as bexiguinhas.
Melissa, que olhava ao redor em busca de outras crianças para entrarem na brincadeira, estava focada em preparar suas armas de ataque. Com elas, tinha como único objetivo arrancar as risadas dos demais:
– Estou ansiosa, muito animada. Estamos nos divertindo muito, e eu espero molhar todo mundo aqui – disse.