O maestro Luiz André Silva irá reger de forma simbólica uma orquestra sem instrumentos na manhã desta quinta-feira. Isso porque o material utilizado pelos músicos em formação na Educando com Arte – à exceção do contrabaixo – foram furtados da casa de música na Aldeia da Fraternidade, zona sul de Porto Alegre. A entidade, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e adquiriu os objetos por meio de doações, estima um prejuízo de R$ 30 mil.
Foram levados 10 violinos, sete teclados, seis flautas doces, duas flautas transversais, dois violões, dois pandeiros, sax, clarinete, bongo, violão infantil, piano eletrônico e kit de pratos de bateria, além de amplificador, duas caixas de som e TV 42 polegadas. É a terceira vez que a entidade é assaltada em seis meses. Nas outras ocasiões, os alvos foram monitores de computadores. A Polícia Civil investigará o crime.
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Maestro do grupo Vocal de Vez em Canto há 14 anos, Silva começou o projeto social na Aldeia em 2015. A proposta de ensinar música clássica para um público acostumado a ouvir funk foi tão bem aceita que, em pouco tempo, as oficinas levaram à criação da orquestra. Silva pinçou, entre mais de cem alunos, 20 diamantes brutos para lapidar. Com eles, realizou diversas apresentações.
Agora, sem os instrumentos, recomeçar os ensaios no próximo dia 6 deve ser inviável. O principal compromisso da orquestra para 2017 – a participação no encontro TEDex, em 8 de abril, na PUCRS – também fica ameaçado de cancelamento. A apresentação de 20 minutos teria no repertório nomes como Gonzaguinha, Milton Nascimento e Flávio Venturini.
– Não sei o que fazer. Alguns amigos já ofereceram instrumentos. Outros, dinheiro. Temos pouco tempo e, infelizmente, estamos de mãos atadas – disse o maestro, que tenta compartilhar com alunos a paixão pela música popular brasileira.
Vice-diretor da entidade, o publicitário Alfredo Fedrizzi faz um desabafo:
– A insegurança é tanta que não se escolhe mais espaços. Estão roubando escolas, instituições de caridade, perdeu-se todos os critérios.
Luara Cândido, consultora da área de projetos e mobilização de parcerias e recursos, diz que, apesar de triste, confia no recomeço.
– Vamos recuperar e começar de novo – declara.
A Aldeia da Fraternidade fica na Rua Dona Paulina, no bairro Tristeza. Além das aulas de música, tem projetos esportivos e ambientais. Recebe 240 crianças a partir de seis anos e jovens até 18. O projeto foi aprovado na Lei Rouanet para mobilizar recursos e conta com patrocínio de empresas privadas.
Dados para doação:
Fraternidade Cristã Espírita
CNPJ: 92882190/0001 -36
Banrisul
Banco: 0085
CC: 41118126.0-6
Informações: 51 32683313 / Whatsapp 51 992000220