A disputa por pontos de tráfico de drogas por duas facções na zona norte de Porto Alegre causa, nesta sexta-feira (6), o fechamento de duas unidades de saúde no bairro Passo das Pedras. É a segunda vez nesta semana que os postos deixam de atender por causa da violência.
O motivo alegado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) são os chamados toques de recolher. São informações que correm entre moradores e trabalhadores do bairro sobre as futuras ações dos traficantes, o que acaba assustando quem está na região.
Na quarta, primeiro dia em que as unidades fecharam, um homicídio assustou moradores em uma rua que faz esquina com a Avenida Gomes de Carvalho, onde fica a Unidade Básica de Saúde Passo das Pedras 1 e a Estratégia Saúde da Família Planalto. No mesmo dia, uma usuária do serviço foi assaltada ao sair do complexo.
O bairro vem sendo castigado pela violência, em um conflito que se intensificou em dezembro de 2016 e que envolve criminosos rivais do bairro Mario Quintana. Ontem, inclusive, um novo ataque a tiros vitimou um homem nas proximidades do Parque Chico Mendes, e deixou outros dois baleados – que o Departamento de Homicídios acredita terem sido vítimas de bala perdida.
O que diz a polícia
O comandante do 20º Batalhão de Polícia Militar reconhece o problema. O coronel Egon Kvietinski pediu ajuda, inclusive, à Força Nacional de Segurança. Ele afirma que, desde próximo das 18h de ontem, guarnições reforçam o patrulhamento na região. No entanto, ele questiona a veracidade das informações que correm entre os moradores.
"Essa questão de toque de recolher é uma coisa muito complicada. Desde o ano passado impera essa questão de fazer terrorismo. Até que ponto isso é verdade ou não? Isso vai muito de interesses escusos de gangues", afirmou.
O coronel admite que há "guerras entre gangues do tráfico". Ele relembra, inclusive, que uma pessoa que aguardava ônibus em uma parada foi baleada no início deste ano por atiradores que abriram fogo a esmo no bairro.
"Essa briga é entre gangues do Mário Quintana e Passo das Pedras. Então um vai lá, dá tiro, mata, esquarteja, aí eles vêm aqui, dão tiro... Esse caso do cidadão da parada de ônibus foi um em que eles não acharam que fosse da gangue contrária, e dispararam contra alguém qualquer", relata o comandante do batalhão.
Hoje, houve uma reunião com o Comando de Policiamento da Capital (CPC) e Força Nacional de Segurança para tratar da questão do bairro. A Secretaria de Saúde diz que as unidades só reabrem quando for garantida a segurança nos locais.