Enquanto Klaus Volkmann, 31 anos, testa sua obra-prima nas ruas do bairro Petrópolis, pedestres param tentando entender do que se trata e motoristas buzinam repetidamente. Chamada carinhosamente de Kali, a bicicleta reclinada feita com bambu coletado na Colômbia já demandou um ano de trabalho.
– Alguns projetos que faço para o cliente mais antigo e exigente, que no caso sou eu, demoram bastante – admite, bem-humorado.
Com bambu até nos aros e roda de monociclo, Kali é certamente sua mais extravagante criação, mas não é filha única. À frente da Art Bike Bambu, onde assina como diretor e artesão, Klaus calcula que já fez mais de 60 quadros de bicicleta de bambu e fibras vegetais nos últimos oito anos. Vende os já prontos a R$ 2,4 mil, e os personalizados, a R$ 3,6 mil.
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Klaus não tinha referências de trabalhos semelhantes quando começou a criar as bikes: teve a ideia ao tropeçar na planta no sítio da tia de uma ex-namorada e uniu as paixões pelo ciclismo e pela natureza. Ele administra o tempo entre ensaios e consertos da Ospa, na qual é flautista desde os 18 anos, e as ferramentas em uma garagem da Rua Sacadura Cabral, com a ajuda do amigo Leandro Petry, 24 anos.
– A bicicleta de bambu é o que uso para me locomover e também é uma máquina de fazer amigos. As pessoas param, perguntam, elogiam. É uma forma de quebrar o gelo – conta Leandro.
As bikes de bambu já acompanharam Klaus em aventuras por Chile, Bolívia, Peru e Cuba, e ele diz que já fez maratonas com elas. Há magrelas feitas por ele rodando do outro lado do oceano: na Espanha, na Alemanha, na Austrália e também na África, continente onde o ciclista Ricardo Martins começou um projeto para dar a volta ao mundo com a bike Dulcinéia.
Parece ser uma tendência dar nomes às bicicletas de bambu – Klaus defende que elas são quase organismos vivos. Há dois anos, Victoria Campello, 27 anos, é dona da Anina Bambushka.
– O que gosto mais em ter uma bici de bambu é que ela mostra o quão forte é a natureza. A resistência e a flexibilidade de qualquer insumo natural hoje em dia são subjugadas, mas entendo a natureza como a mais complexa e alta tecnologia existente – destaca Vitória.