Você já deve ter ouvido falar do Airbnb. Talvez você não tenha utilizado esse serviço ainda, mas é quase certo que alguém no seu prédio, ou no seu bairro, já o tenha feito.
O Airbnb é uma das startups mais valiosas do mundo, uma empresa que, segundo a Forbes, vale cerca de R$ 100 bilhões. A fórmula do negócio é simples: através da internet, intermediar locatários e locadores dispostos a compartilhar oportunidades de hospedagem, espaços grandes como uma casa ou pequenos como um quarto. Em 2015, já havia 34 mil cidades participando do sistema, movimentando mais de 30 milhões de hóspedes.
A empresa, fundada em 2007, é uma das representantes da nova onda da economia de compartilhamento. Essa onda de negócios se dedica a criar lucro onde antes só existam bens parados. Seu carro, seu barco, seu tempo, seu jardim. Essas empresas se dedicam a criar oportunidades para você compartilhar seus bens com outros, ficando com uma parcela do valor da transação em troca.
Junto ao crescimento da economia do compartilhamento estão surgindo desafios para as cidades. Neste ano, por exemplo, o Airbnb decidiu processar sua própria cidade natal, San Francisco, por discordar da forma como o legislador escolheu para tentar controlar a subida do preço dos aluguéis.
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San Francisco é uma cidade turística, que recebe milhares de pessoas diariamente. Desde a chegada do Airbnb – e de outras empresas que operam no mesmo ramo –, quem tinha um imóvel vazio encontrou na internet uma oportunidade de receita. Uma casa vazia, quando mobiliada, passou rapidamente a ser um negócio lucrativo. E uma nova ecologia de profissões pressionou o mercado a crescer mais e mais, de decorador a toque de caixa de apartamento a gerente de portfólio.
O lucrativo mercado de uns tornou-se o problema de outros, como o morador do bairro. Com imóveis que passam a valer na locação rápida tanto dinheiro, o aluguel mensal foi subindo de preço. E o preço para morar na cidade disparou em algumas áreas.
Visando ao bem comum, San Francisco fez o que cidades como Berlim e Nova York fizeram: regulamentou o mercado. O poder público reafirmou a legalidade da nova economia, apoiando a geração de renda e a utilização sustentável de bens, mas buscou conter os efeitos colaterais da economia de compartilhamento nas cidades, como a gentrificação.
Regulamentar a economia do compartilhamento é importante, particularmente quando se busca o bem comum. A Olimpíada do Rio mostrou desafios futuros para as cidades brasileiras. Quando o Rio foi eleito sede, em 2009, uma das carências da cidade era sua baixa capacidade hoteleira. As soluções buscadas pelo poder público e pelo setor privado variavam de construir mais hotéis a ancorar navios na orla do Porto Maravilha.
A capacidade hoteleira do Rio foi aumentada. Durante os Jogos, o setor disponibilizou 52 mil quartos, enquanto o Airbnb girou em torno de 30 mil. Sem contar outras formas de hospedagem, como as encontradas por missões diplomáticas e mochileiros. Frente ao temor de não haver teto para tanto turista, o Rio criou espaços. Mas, passados os Jogos, será que haverá hóspede para todo mundo?
Cidades que sediaram Olimpíada, como Barcelona, Sydney e Pequim, viram os números de hóspedes caírem depois. Isso é fato. Mas verificaram também aumentos no ecossistema da economia criativa. Resta saber qual será o impacto desse novo vizinho nas cidades brasileiras.