Com o objetivo de mostrar a importância da arte em um momento delicado para pacientes, o Projeto Arte e Terapia reúne em exposição a partir desta quarta-feira mais de 70 obras produzidas por internados do Hospital da Criança Santo Antônio, de Porto Alegre. Em diferentes cores e formas, a busca é mesma: uma experiência diferente do conhecido ambiente hospitalar tanto para paciente quanto para familiares e acompanhantes. Os trabalhos podem ser conferidos até 11 de dezembro no Centro Histórico-Cultural do Complexo Santa Casa.
Com atividades de pintura, música, artesanato e fotografia, as oficinas são realizadas com o auxílio de familiares e acompanhantes, visando, também, o fortalecimento do vínculo afetivo. De acordo com a gerente hospitalar do Hospital da Criança Santo Antônio, Swetlana Cvirkun, a ideia é que o internado vivencie o mais próximo de um desenvolvimento sadio:
– Quando ela (criança) está em casa, ela brinca, faz várias atividades durante o dia. Aqui, nós temos uma rotina de médico, exames, procedimentos. Queremos tirar um pouco desse trauma através de ações lúdicas.
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– É muito gratificante estar aqui hoje e ver o resultado de um trabalho que foi pensado por várias pessoas – comenta Flávio Enninger, diretor da realizadora Quattro Projetos.
Experiência que beneficia todas as partes envolvidas
Desde fevereiro deste ano, mais de 700 pacientes participaram de 147 oficinas. Durante as atividades, os internados aprendiam sobre pintores clássicos e modernos, técnicas musicais, fotográficas e de artesanato. Os materiais utilizados foram adaptados para serem compatíveis ao ambiente hospitalar para que as aulas pudessem ser realizadas tanto na sala de recreação, quanto no leito do quarto.
O ambiente se torna tão agradável que dá até para se distrair um pouco e deixar de lado o fato de estar em um ambiente hospitalar:
– Todos disseram que esqueceram da rotina, esqueceram de onde estavam. O resultado foi super positivo. E nós aprendemos muito também, pois tivemos de fazer algumas adequações de metodologias, de materiais, em função das restrições das crianças – relata Jesiane Fernandes, pedagoga do Arte e Terapia.
Há quatro anos tratando um tumor na cabeça, Franciele Persch, de 9 anos, perdeu a visão em uma cirurgia realizada em agosto deste ano. Sem hesitar, ela disse que não tem só uma atividade favorita:
– Eu gostei de todas! Foi muito legal e divertido participar. Fiz música, artesanato, pintura, até um presente de Dia das Mães!
A mãe, Roseli Persch, 47 anos, é parceira da filha em todas as oficinas. Para ela, é muito importante fazer esse acompanhamento. As atividades contribuíram bastante para que a Fran, como é conhecida no hospital, se distraia. É uma forma de entretenimento.
Antes de iniciar as atividades, o oficineiro de pintura Aloizio Pedersen fez três visitas ao hospital para ver as crianças na brinquedoteca. Convicto de que a sua primeira aula seria impressionante, ele ficou surpreso ao se deparar com a produção dos pequenos:
– Foi um grande desafio para mim. A força que essas crianças têm, de chegar nesse espaço de liberdade e extravasar...Eles podiam fazer o que eles quisessem, do jeito que eles quisessem. Foi uma experiência rica demais, muito incrível. Cresci em um ano o equivalente a dez anos de vida – conta, entusiasmado.
A mostra ficará aberta de terças a sábados, das 09h às 21h, e nos domingos e feriados, das 14h às 18h. O projeto Arte & Terapia é realizado pela Quattro Projetos, com apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, e conta com patrocínio da Renner, BRDE e Pestana Leilões.
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