Com tanto sobe e desce, as elevações no trajeto da Rodovia do Parque remetem ao motorista a sensação de estar em uma montanha-russa. Os desníveis incomodam os usuários da BR-448, que está prestes a completar três anos.
Morador de Sapucaia do Sul, o gerente comercial Jeferson Zuchelli, 41 anos, diz que já teve a suspensão do carro estragada por conta das ondulações na Rodovia do Parque. Para fugir do trânsito intenso da BR-116, ele utiliza a BR-448 há pouco mais de um ano para chegar em Porto Alegre, onde trabalha.
– Precisa de manutenção, é muito desnível para uma estrada nova. É perigosa para quem não usa a rodovia todos os dias, principalmente em entrada e saída de pontes – opina.
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Desde que foi inaugurada, Sônia Veloso, 44 anos, utiliza diariamente a BR-448 para ir até o escritório onde trabalha. A executiva de vendas avalia pontos positivos e negativos da estrada:
– Ficou muito bom para quem mora no Interior, o meu trajeto, hoje, é mais rápido. Acredito que os desníveis fazem com que a gente tenha consciência de andar um pouco mais devagar, 80 km/h é o ideal. Se manter a velocidade de 100 km/h (máxima permitida para carros. Caminhões e ônibus podem trafegar a 90km/h), pode romper um pneu e ficar sem assistência, já que há vários pontos da estrada sem sinal de telefone.
Sônia acredita que o desnível está piorando em razão da quantidade de caminhões de carga pesada que passam pela rodovia. Mesmo assim, de acordo com ela, a melhor opção ainda é utilizar a Rodovia do Parque, por se tratar de uma estrada mais larga e sem muitos acessos de saída e entrada de veículos, como a BR-116.
O engenheiro civil e professor de Engenharia Civil de Transporte e Trânsito da Unisinos, João Hermes, explica que as ondulações se dão em razão do local onde a obra foi feita:
– É um terreno de solos moles. Esses afundamentos acontecem em razão das acomodações das camadas. Com o tráfego, a acomodação vai acontecer naturalmente e as camadas vão baixando, mas ainda levará tempo. No início, era bem pior. Em muitos pontos o problema já foi atenuado, mas ainda não está 100%.
De acordo com Hermes, a obra deveria ter levado mais tempo para ser entregue. A solução para os desníveis, segundo ele, era a construção de viaduto de baixa estatura, mas o custo para isso seria muito mais alto.
– Precisamos entender que foi feito o melhor possível, no prazo que se deu, com os recursos que se tinha – comenta.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informa que são feitos reparos, periodicamente, de acordo com a necessidade da estrada, devido ao adensamento do solo. Os desníveis já estavam previstos no projeto de construção da BR-448, e a regulação dos afundamentos do solo é de responsabilidade dos consórcios que gerenciam a obra, após notificação do Dnit.
O rebaixamento do solo e as ondulações podem ser percebidos no trajeto entre Canoas e Sapucaia, tanto no sentido Interior-Capital quanto no sentido contrário. De acordo com o Dnit, cerca de 55 mil veículos trafegam por dia pela rodovia.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, se o motorista trafegar acima do limite de velocidade, os desníveis podem ser perigosos. No entanto, não há ocorrências que indiquem as ondulações como causa de acidentes no local.