Para mim, que farei 50 brevemente, 20 anos é um bom pedaço de tempo. Não deveria ser, pois sou historiador de antiguidades e trabalho na escala de centenas e milhares de anos, mas neste caso a testemunha é o corpo de um cidadão dentro de uma nação em transformação. Posto em perspectiva, vemos o tempo acelerando neste período: da internet incipiente à rede absoluta, de uma sociedade marcada por preconceitos a um mundo de maior tolerância (embora ainda crítico), e, sobretudo, da mudança substantiva das condições socioeconômicas brasileiras, que pode ser resumida em dois fatores: aumento vertiginoso do PIB, de US$ 543 bilhões em 1994 para US$ 2,345 trilhões em 2014, com reflexos no PIB per capita, que oscila, no período, de US$ 3.426 para US$ 11.208. A consequência foi a ascensão das classes C, B e A, e o recuo estratigráfico das classes D e E. Estes dados, do Bacen, evidenciam um ciclo econômico virtuoso, com crescimento consistente e redução da miséria. Realizou-se, neste período, um potencial reprimido por anos, e demonstrou-se a possibilidade de construirmos um futuro de maior prosperidade.
Colunistas
Francisco Marshall: vinte anos
Boa parte da população brasileira se revolta contra a PEC 241, especialmente os estudantes, que serão, com os idosos, as principais vítimas deste atentado histórico.