Para conter os prejuízos que se acumulam ano após ano, a prefeitura de Porto Alegre deverá injetar na companhia de ônibus Carris pelo menos R$ 55 milhões até dezembro. O aporte é necessário para colocar as contas da empresa em dia e, se confirmado, será o maior dos últimos anos.
Até o mês de setembro, a administração municipal já havia injetado R$ 39 milhões para suprir os prejuízos.
Os números fornecidos pela própria empresa mostram que os prejuízos estão crescendo. Em 2012, a prefeitura teve que colocar R$ 5,3 milhões de aporte. No ano seguinte, o valor pulou para R$ 28 milhões. Já em 2014, foram injetados pela prefeitura R$ 49 milhões e em 2015 outros R$ 48 milhões.
De acordo com o presidente da Carris, Sérgio Zimmermann, por mais que sejam feitos ajustes, como corte de cargos em comissão e equalização das linhas, são necessárias outras medidas. O principal motivo do déficit, segundo ele, são as gratuidades.
Atualmente, 34,45% dos passageiros não pagam passagens - no ano passado, esse índice era de 33,05%. Se eles pagassem, a empresa teria uma receita de R$ 85 milhões e não seria necessário nenhum aporte da prefeitura.
“A gente não é contra as gratuidades. O que eu discuto é que o nosso sistema de transporte precisa ter uma equalização de forma que se faça frente a essas gratuidades”, diz Zimmermann.
A Carris possui hoje 2.336 funcionários, sendo 1.894 ativos. São 1.062 motoristas e 867 cobradores. A empresa possui ainda 29 cargos em comissão e 123 funcionários com funções gratificadas.
Marchezan
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, nesta segunda-feira (31), o prefeito eleito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), sinalizou que a Carris será privatizada caso a gestão não consiga reverter o cenário de prejuízo anual. Segundo ele, a sociedade não pode pagar por uma estrutura da máquina pública que não funciona.
“Se ela continuar (dando prejuízo), eu, ou o próximo prefeito, vai acabar privatizando. A sociedade não aguenta mais pagar por algo que atenda aos interesses de poucas pessoas, ou de um partido ou de um sindicato”, disse.
Ouça a entrevista de Marchezan ao Gaúcha Atualidade: