O projeto de lei que regulamenta serviços de transporte de passageiros como o Uber e o WillGo será discutido em uma audiência pública em Porto Alegre, na terça-feira, às 19h. Para isso, o Ginásio Gigantinho, palco do encontro, contará com um esquema especial de segurança.
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Para evitar confusões entre defensores e opositores do projeto, os grupos deverão entrar por portões opostos do ginásio. Durante o evento, terão direito a fala 20 pessoas, sendo 10 a favor e 10 contrárias à proposta. Além disso, a segurança será reforçada no entorno e dentro do local. A proteção dos participantes foi discutida na última quinta-feira, em uma reunião que contou com a participação de órgãos de segurança pública e o Legislativo.
A audiência estava inicialmente marcada para o dia 23 de junho, nas galerias do plenário Otávio Rocha, mas teve de ser adiada por causa do espaço, que comporta 200 pessoas. O adiamento aconteceu depois que diversas de entidades teriam solicitado reserva de espaço, apenas uma delas pedindo 50 lugares. No Gigantinho, 5 mil pessoas podem acompanhar a audiência.
O Uber será representado pelo seu Gerente de Relações Governamentais, Gabriel Petrus.
Por meio de nota, o Uber afirmou que o projeto encaminhado pela prefeitura "é um excelente ponto de partida para a construção de uma legislação moderna e inovadora, que defende a opção de escolha e a privacidade dos cidadãos de Porto Alegre". Ainda afirmou que "legislações que regulamentam a economia colaborativa devem respeitar o Marco Civil da Internet – para promover a privacidade dos dados dos usuários, além de integrar as políticas de mobilidade urbana, levando em consideração a população de toda a região metropolitana".
O que estará em debate
A audiência pública discutirá o projeto de lei do Executivo que regulamenta os aplicativos de transporte de passageiros. O PL foi apresentado à Câmara pelo prefeito José Fortunati no dia 16 de maio. Entre as exigências para que esses serviços funcionem legalmente estão a abertura dos dados dos motoristas e o pagamento de taxas pela empresa – com valores maiores do que os exigidos aos taxistas. Atualmente, esses aplicativos são considerados clandestinos.
Além do cadastro de cada motorista ter de ser notificado à prefeitura, o PL prevê também a identificação dos veículos – mas sem a necessidade de que trafeguem com placas vermelhas. A medida chegou a ser cogitada, mas recebeu críticas do Ministério Público. A identificação poderá ser feita por adesivos.
A proposta também contempla a cobrança de uma taxa mensal por veículo cadastrado, sob responsabilidade da empresa, no valor de R$ 182,50, e de uma alíquota do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) de 5% sobre seu faturamento. Os veículos cadastrados nos aplicativos também terão de ter placas de Porto Alegre.
Após a apresentação do projeto, o porta-voz do Uber no Brasil, Fabio Sabba, afirmou que a empresa está disposta a fazer algumas mudanças para se adaptar às exigências da prefeitura, como compartilhar dados de viagens, mas criticou a taxação mensal por veículo e a autorização restrita a carros emplacados em na Capital.
Já os taxistas chegaram a entrar na Justiça e protestar contra o serviço. O Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi) ingressou no dia 25 de maio com um pedido de liminar para bloquear o sinal do Uber em Porto Alegre, que foi negado pelo Judiciário. Além disso, a União dos Taxistas Profissionais de Porto Alegre (Unitaxpoa) organizou um protesto contra o projeto no dia 22 de junho, que teve carreata da Avenida Padre Cacique até a Câmara de Vereadores. Nos vidros dos carros, motoristas mostravam cartazes com frases como "Fora Uber" ou "Uber clandestino e sem regras".