A rua leva o nome de uma das grandes personagens da Revolução Farroupilha – mas bem que podia ser a protagonista de uma novela mexicana.
Anita Garibaldi virou sinônimo de dramalhão para moradores e trabalhadores, especialmente, dos bairros Boa Vista, Bela Vista e Mont'Serrat. As obras da trincheira junto à Terceira Perimetral, que começaram em janeiro de 2013, com 11 meses de atraso, deveriam ter ficado prontas para a Copa de 2014. Depois de enfrentar problemas como a descoberta de uma rocha que exigiu um aditivo ao contrato e a substituição da empresa que vinha fazendo a construção em função do ritmo lento dos trabalhos, o último prazo dado pela Secretaria de Gestão é final de 2016.
Leia mais:
Relatório do TCE aponta inconsistências no projeto de obra da Anita Garibaldi
Erros em projetos básicos geraram aditivos de R$ 9 milhões nas obras da Copa 2014 em Porto Alegre
– Isso aqui está parado desde que começou a obra, nunca andou – reclama a publicitária Niura Ribeiro, 64 anos.
– Se fosse tudo isso em pouco tempo e se tu visses a diferença, tudo bem, mas não acontece nada – completa a empresária Fabiana Gomes, 47 anos.
Os moradores também não perdoam os contratempos que surgiram com a descoberta da formação rochosa.
– Parece aquela história do poeta, havia uma pedra no meio do caminho. Os geólogos fizeram plano e não observaram isso – diz o analista de sistemas e músico Pedro Paz da Silva Neto, 62 anos.
A empregada doméstica Rosângela da Silva Cardoso, 40 anos, passa todos os dias pela obra. Ela conta tem visto trabalhadores, mas também já não aguenta mais a demora:
– Até para pegar ônibus é ruim, tem que fazer toda uma volta.
A Secretaria de Gestão destaca que os trabalhos estão em andamento. No lado bairro, deu-se início, em janeiro, à execução das alças laterais, e, em março, começaram os trabalhos de escavações da trincheira no lado centro, segundo informações da pasta. A detonação da rocha é feita concomitantemente ao processo de escavação. Também está em andamento a execução de estacas justapostas no corredor de ônibus bloqueado.
O custo da obra, que inicialmente era de R$ 10,7 milhões, agora chegará a R$ 13,4 milhões. A Secretaria de Gestão afirma que o aditivo para o desmanche da pedra teve de ser analisado pelo órgão de controle e pela Caixa Econômica Federal. Esse processo de negociação do aditivo e de análise por parte do órgão de controle e agente financiador demandou um "tempo considerável", fazendo com que a obra diminuísse seu ritmo, segundo a pasta.