Após a polêmica da obrigatoriedade dos uniformes para taxistas em 2014, um novo projeto de lei da prefeitura tentará regulamentar a vestimenta dos motoristas. Na última terça-feira, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) encaminhou ao gabinete do prefeito a proposta que altera e inclui artigos sobre o vestuário e o comportamento dos taxistas na Lei Geral dos Táxis.
O documento proíbe o uso de bermuda, chinelos e bonés, além de "uberizar" o comportamento dos taxistas, estipulando que a temperatura do ar-condicionado e o tipo de música ou estação de rádio deverão ser escolhidos pelo passageiro. A proposta deverá ser avaliada pela Câmara de Vereadores em fevereiro, após o recesso.
– Em dezembro, fizemos uma reunião com cerca de 70 permissionários dos principais pontos e sindicatos para conversamos o que fazer para melhorar o serviço de táxi na Capital. Um esboço da minuta do projeto saiu desta reunião. As lideranças tiveram um prazo para sugerir outros pontos. Todo esse esforço foi feito porque o serviço precisa ser qualificado – explica o diretor de operações da EPTC, Marcelo Soletti.
No artigo 23 da lei, seriam incluídos 13 parágrafos que tratam das regras sobre as vestimentas dos motoristas. Um deles delimita as peças que poderão ser usadas: camisa social ou camisa polo, de manga curta ou longa, em qualquer tonalidade azul, desde que de cor única (lisa); calça social ou jeans, de cor única (lisa) dentre as cores preta ou azul-escuro; calçados fechados; casaco, jaqueta, abrigo, pulôver ou assemelhados, em cor única (lisa) dentre as cores preta, cinza ou azul-escuro.
No mesmo artigo, estão incluídas as proibições de quaisquer coberturas para a cabeça, como bonés, toucas e chapéus. Além disso, não seriam permitidos camiseta, chinelo, bermuda, calção, calça ou abrigos de moletom ou esportivos – de material de times esportivos.
– Concordamos com a maioria do que está na minuta. A proibição da bermuda foi um consenso. O único ponto em que enviamos uma sugestão de modificação foi a cor da camisa. Na nossa visão, não é necessário o motorista usar apenas azul, pode ser camisas lisas nas cores branca, bege ou cinza – afirma o presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari.
Comportamento tipo Uber
O polêmico serviço que chegou à Capital em novembro do ano passado influenciou na inclusão de novos incisos no artigo 23 que falam sobre o comportamento dos motoristas. Pela proposta, no início da viagem, o taxistas deve questionar o usuário quanto ao acionamento e à temperatura do ar-condicionado, mantendo o carro climatizado caso solicitado.
O projeto também determina que os equipamentos sonoros do veículo (rádio, reprodutor de CD etc.) somente podem ser acionados ou mantidos ligados quando for solicitado pelo usuário, observados o volume, as estações, o estilo musical e demais opções indicadas pelo passageiro.
– Temos de usar o Uber de forma positiva para nossa qualificação. Não é apenas a roupa que precisa mudar, é o comportamento e a postura em relação aos passageiros – argumenta Nozari.
O projeto ainda nem foi discutido, mas o ponto de táxi da rodoviária de Porto Alegre antecipou o estabelecimentos de uniforme. Um aviso colado no mural alerta: a partir do próximo dia 13, será proibido o uso de tênis, boné, camisa polo, bermuda e sandália. Os motoristas terão que usar camisa social azul, calça escura e sapato social. A nova regra não agradou os motoristas que atuam no local, que estão fazendo um abaixo assinado para tentar barrar as mudanças:
– É abusivo banir o uso de bermuda nesse calorão e clima tropical em que vivemos – afirma o taxista João Carlos Cabreira.
O motorista Ney Oliveira faz coro às reclamações:
– Estão tentando comparar ao ponto da rodoviária com o do aeroporto. Lá, eles tem um local na sombra para descansar e aguardar os passageiros. Aqui nós ficamos no sol esperando na fila de carros.
De acordo com o vice-supervisor do ponto, Job dos Santos, a implementação do uniforme está no estatuto interno do local e o objetivo da medida é melhorar a imagem do taxista.
Vestuário para mulheres
Às motoristas mulheres, seria permitido o uso de modelos de calça e saia abaixo do joelho, de cor única (lisa), dentre as cores preta ou azul-escuro. Também seria liberado o uso de colete de modelagem feminina, de cor única (lisa) azul-escuro e o uso de sandálias, desde que presas ao calcanhar, observando as normas previstas no Código de Trânsito Brasileiro. Estariam proibidas peças decotadas ou com ombros ou costas expostas.
Veículos mais novos e sem 1.0
O projeto de lei modifica a idade máxima para um táxi rodar na cidade. O tempo irá diminuir de 10 anos, que a lei atual estabelece, para cinco anos. Também será proibida a inclusão de veículos 1.0 (chamados de populares) na frota de táxi de Porto Alegre.