O que para os familiares parecia o fim da angústia, pode se tornar um pesadelo ainda mais prolongado. É que exatamente um ano depois de encontrado o corpo de Cristiane Oliveira de Oliveira, 32 anos enterrado no Bairro Lageado, Zona Sul da Capital, o inquérito policial chegará nos próximos dias à Justiça. Sem conclusão e sem apontar autoria do crime.
- Já faz tanto tempo e nada de prenderem esse assassino. Às vezes tenho vontade de sair gritando pedindo justiça, mas não tenho mais o que fazer. O pior é saber que ele dá risada da nossa dor - diz a mãe dela, Eloni Oliveira, 57 anos.
Nem a causa
Até agora, sem receber do IGP os resultados de exames periciais feitos no corpo e nos objetos enterrados junto, a polícia não sabe nem mesmo a causa da morte da dona de
casa que estava desaparecida desde 2011. Em quatro anos, a investigação passou pelas mãos de seis delegados. Houve quebra de sigilos telefônicos e bancários, testemunhas ouvidas até nove vezes, acareação e suspeitos - entre eles o marido de Cristiane. O entendimento dos investigadores, no entanto, é de que não há provas até o momento que incriminem ninguém. A delegada Luciana Smith, da 4ª DHPP, porém, faz uma ressalva:
- Encaminharemos o inquérito como está, mas vou entregar também um relatório solicitando à Justiça autorização para mais algumas diligências.
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Indignação
O MP, que solicitou o envio do caso, também poderá solicitar novas diligências.
Faz seis meses que a família tentou buscar informações na DP pela última vez. Mãe e irmãs saíram indignadas.
- Passaram o caso de mão em mão, e a gente nunca sabe quem investiga de verdade. Infelizmente, acho que o nosso drama para ver esse bandido na cadeia ainda vai se arrastar por muito tempo - critica a irmã Daiane, 29 anos.
Hoje, uma missa em homenagem a ela será celebrada na igreja Santo Antônio.
Ossada de Cristiane foi encontrada há um ano no Bairro Lageado (Foto: Eduardo Torres/Diário Gaúcho)
De mão em mão
Até o começo de 2015, a 5ª DHPP conduziu o caso, como um desaparecimento. O caso estava prestes a ser encaminhado à Justiça sem conclusão quando dois pedreiros encontraram o corpo por acaso, no terreno onde Cristiane e o marido construíam uma casa.
A descoberta deu novo gás à investigação que era comandada pela delegada Jeiselaure Souza. Pessoas voltaram a ser ouvidas e amadureceram suspeitas, mas não houve conclusão. Como o crime aconteceu na Zona Sul, o inquérito passou à 4ª DHPP, sob comando do delegado Adriano Melgaço.
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Idas e vindas
As tantas idas e vindas começaram em 2011, com a 1ª Delegacia de Homicídios, com o delegado Cléber Lima. O caso ainda se arrastava e passou por outros dois delegados. Em 2013 foi criado o Departamento de Homicídios, e o caso fez parte do bolo de inquéritos abertos assumidos pelas novas delegacias.
Polícia refaz o trabalho
A 4ª DHPP assumiu o caso em março de 2015, quando foi confirmada a identidade do corpo encontrado. E se deparou com um inquérito incompleto. Em 2011, a Justiça determinou quebras de sigilos telefônicos e bancários de suspeitos. Parte dos dados, porém, nunca chegaram.
- Foi retomada a investigação do seu início para organizarmos as provas do crime - explica a delegada Luciana Smith que assumiu o caso em novembro.
Nessa busca das informações de mais de quatro anos atrás, a polícia só conseguiu resultado positivo de uma operadora de telefonia.
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Laudos em fase final
De acordo com o IGP, em uma semana deve estar concluído o laudo pericial do local
que determinará a causa da morte.
Já os levantamentos solicitados pela polícia nos dados do celular dela, encontrado intacto dentro da mochila, também enterrada, só devem ser concluídos em 20 dias.
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