Se limitações físicas ou intelectuais já foram desculpa para algum leitor deixar de visitar a Feira do Livro de Porto Alegre, agora, definitivamente, não são mais. A Estação da Acessibilidade, localizada entre o Margs e o Memorial do Rio Grande do Sul, oferece visita tátil e olfativa, compra de livros guiada, interpretação de livros e intérprete de libras para visitas e eventos da programação da 61º edição do evento.
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Dentro do espaço, também ocorrerão 32 bate-papos até o fim de feira abordando temas como autismo, síndrome de Down, livro acessível e audiodescrição. Para quem tem limitações para caminhar ou utiliza muletas, há aluguel gratuito cadeiras de roda.
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Audiolivros são comercializados com valores que vão de R$ 5 a R$ 45. Desde 2013, a estação tem a tarefa de tornar a feira cada vez mais inclusiva. A coordenadora do espaço, Marcia Cristina Figueira Gonçalves, no entanto, reconhece que ainda é preciso avançar.
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- Ainda estamos longo do que desejamos, porque os balcões da bancas, por exemplo, deveriam ser mais baixos para os cadeirantes poderem folhear os livros, mas evoluímos muito desde 2010, quando começamos a falar de acessibilidade na feira - comenta Marcia.
Com vontade
Cega desde os cinco anos, a porto-alegrense Lidiane Borges Marques, 29 anos, conheceu a Feira do Livro no domingo e, ontem, repetiu o passeio e conheceu a Estação. À tarde, antes de conversar com o DG, ela lia o livro em braile Travessuras de Pena, de Eliana Martins. Agora, finalmente, está realizando o desejo de visitar o evento que só ouvia falar pela tevê.
- Saio daqui com vontade de ir para o Biblioteca Pública, para ler mais. Leio antes de dormir e gosto de audiolivros - comenta.
Experiências que aproximam
Portador de síndrome de Down, Fernando Moreira Barbosa, 26 anos, se orgulha de poder investir um pouquinho do salário de auxiliar administrativo na compra de títulos sobre a história de Porto Alegre, que são os seus favoritos.
- Gosto muito e já venho pelo terceiro ano.
Além das compras, Fernando também aproveita a feira para participar de atividades como a conduzida pelo amigo João Vicente Fiorentini que, mesmo com limitações na fala, tem feito bate-papos na Estação graças a um aplicativo de comunicação alternativa para tablet, o JabTalk. Ele entende tudo o que houve e responde com respostas gravadas pelo app. Ontem conduziu um bate papo sobre livros digitais.
Fã de Frozen e da Branca de Neve, Gabriela Rolim Ferreira, cinco anos, adora passear na feira do lado do amigo, Cristiano Vieira Souza, oito anos. Os dois são cadeirantes devido a mielomeningocele, uma doença que causa a má-formação da coluna vertebral.
O pai de Gabriela, o corretor de seguros Edson Ferreira, 38 anos, conta que a menina começou a ser estimulada pelas imagens dos livros e agora pede para ele e a mãe, Leticia, 37 anos, lhe contarem histórias todos os dias.
- Ontem estávamos passeando na feira e ela mesma ia pedindo passagem para as pessoas. Adora vir a conta - diz a mãe.
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Muitas opções:
O que: Estação da Acessibilidade, na 61º Feira do Livro.
Onde: entre o Margs e o Memorial do Rio Grande do Sul.
O que oferece: bate-papo sobre temas que envolvem deficiências físicas e intelectuais com programação completa no site desenvolver-rs.com.br, aluguel gratuito de cadeiras de roda, venda de audiolivros com valores entre R$ 5 e R$ 45, visita tátil e olfativa, compra guiada, interpretação de livros e intérprete de libras para visitas e eventos da programação da feira.
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Espaço tem várias opções de serviços e grupos de bate-papo
Foto: Omar Freitas/Agência RBS