Na luta pela atenção diferenciada aos mais velhos há 20 anos, Dilci Rodrigues, presidente do Conselho Municipal do Idoso de Porto Alegre (Comui), ontem derramou lágrimas de comemoração. O motivo foi ver Porto Alegre ganhar da Organização Mundial de Saúde (OMS) a certificação de Cidade Amiga do Idoso.
Com 18% da população formada por idosos, maior índice do país, a Capital é a primeira cidade brasileira a receber o destaque. Na América Latina, é a terceira. Antes, apenas Victoria, no Chile, e La Plata, na Argentina, tinham o certificado. Isso significa que a Capital ingressou na Rede Global de Cidades Amigas do Idoso, lançada pela OMS em 2010 para que os municípios se empenhem em serem ótimos lugares para envelhecer.
– Isso significa que a cidade agora tem a responsabilidade de desenvolver um planejamento estratégico ao idoso e trocar experiências com a rede, como pesquisas. Queremos que o país todo siga este exemplo – afirma Bernardino Vitoy, representante da área na OMS.
A inscrição da cidade para o certificado foi feita há um ano, depois que um representante da Organização Pan-Americana de Saúde da OMS veio a Porto Alegre para uma palestra.
– Ele veio falar para a gerontologia da PUCRS e acabou visitando o Comui, onde detectou que já havia um trabalho voltado para a comunidade (idosa) e sugeriu que nos candidatássemos – conta Dilci.
Para isso, o Comui e a prefeitura elaboraram um relatório à OMS. A organização o analisou e depois conferiu a certificação à cidade. No documento, foram abordados trabalhos de secretarias governamentais e de entidades que atendem idosos. Uma das ações mais importantes foi a criação do Fundo Municipal do Idoso, em 2011. Ele possibilita que cidadãos e empresas destinem parte do Imposto de Renda para o financiamento de instituições e projetos que auxiliam os mais velhos, como o Asilo Padre Cacique. Atualmente, o fundo ajuda 14 entidades.
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Além disso, conforme o secretário-adjunto do Idoso, André Canal, constaram no relatório os centros em que os idosos passam o dia, a casa para acolhimento de idosos em situação de rua, grupos de convivência, jogos esportivos adaptados e seis equipes de saúde que os atendem em casa. Há ainda um trabalho em que alunos da rede municipal visitam os asilos e outro para o cuidado com os idosos no transporte público.
– Também estamos desenvolvendo o Plano Municipal do Idoso, que deve ficar pronto em dezembro.
Com a certificação, a cidade também se comprometeu em realizar uma pesquisa com os idosos. O levantamento será coordenado pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS e deverá contar com a participação de 2 a 3 mil pessoas. Será um instrumento para conhecer as demandas que os mais velhos escolheram para tornar a cidade melhor, que deve ser concluído em 2016.