O recomeço é apenas para algumas famílias. Tantas outras permanecem fora de casa, apesar da redução no nível do Guaíba. No acostamento da BR-290, na região das ilhas, em Porto Alegre, dezenas de barracas se destacam na paisagem. São de pessoas que preferiram ficar perto de casa e recusaram o abrigo montado pela prefeitura no Ginásio Tesourinha.
Com trégua da chuva, número de desalojados e desabrigados cai no Estado Gilma vive com a família embaixo da ponte Foto: Carlos Macedo/Agência RBS - Graças a Deus que a gente achou essa ponte para se abrigar. Se não fosse a ponte, não teria para onde ir - afirma a aposentada, enquanto recolhe roupas estendidas no varal.
Nem o espaço restrito impediu que as três famílias que ali residem construíssem um sobradinho de madeira improvisado.
Vila de pescadores enfrenta cheia da Lagoa dos Patos em Tapes Barracas viram moradias à beira da estrada Foto: Carlos Macedo/Agência RBS
A menos de dois metros da estrada, seu Luís Dias convive com o perigo. Cones separam a barraca do tráfego intenso de veículos da rodovia.
Nas ilhas, volta para casa é só o começo da retomada da rotina
- Não adianta tentar voltar agora. A previsão é de mais chuva, né? Então, a gente vai se virando. Deus cuida da gente. Tem que ter fé em Deus e rezar - diz o reciclador de lixo, que teve a casa invadida pela enchente e agora enfrenta caminhões de carga, ônibus e milhares de veículos passando ao lado, a todo instante.
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Embaixo da ponte, na região da Ilha das Flores, mais barracas. Os motoristas que passam por cima nem sequer percebem a presença das três famílias que estão vivendo sob o concreto. Dona Gilma Santos da Silva não se importa.
- Se o temporal vem forte, a gente sobe e fica ali, esperando a chuva parar - diz Márcia da Silva Bittencourt, filha de Gilma.
No total, 15 pessoas estão vivendo no sobrado improvisado, sob a ponte da BR-290 que cruza o Rio Jacuí, e ainda não sabem quando vão poder voltar para casa.
- Fui lá ver a minha casa e me bateu um desespero. Tudo inundado. É uma tristeza - completa Márcia.
#EuAjudo - COMO DOAR
- São necessários alimentos, garrafas de água, produtos de higiene (xampu, desodorante, escova de dente, absorventes e fraldas geriátricas), produtos de limpeza (sabão em pó, esponjas e panos), lonas e velas.
- Esses materiais podem ser entregues no Ginásio Tesourinha (Avenida Erico Verissimo, s/nº), das 8h às 22h, ou no Gabinete de Defesa Civil (Rua Dr. Campos Velho, 426 ), das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira.
- Doações para a reconstrução das casas (móveis, telhas, lonas e madeira) devem ser entregues na sede do Demhab (Av. Princesa Isabel, 1115), das 8h às 20h, de segunda-feira a sábado (no sábado, a entrega deve ser feita pela entrada lateral, na guarita da Rua Conde D'Eu), ou no Shopping Praia de Belas (Avenida Praia de Belas, 1181, Porto Alegre), que está recebendo doações em um espaço no lado sul do andar térreo.
*Zero Hora