A nove dias do fim de outubro, Porto Alegre está a apenas uma pancada de bater o recorde histórico de chuvas para o mês desde 1954, quando iniciaram as medições. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o acumulado até o meio-dia desta quinta-feira chegou a 301,08 milímetros. O outubro mais molhado que a capital gaúcha viu até agora foi o de 1966: 303,4 milímetros.
- É pouca chuva (1,6 milímetro). Uma chuva fraca, de 20 minutos ou meia hora, já pode acumular isso. Se for uma pancada, em menos de 10 minutos pode dar muito mais - explica a meteorologista Bianca Lobo.
O volume acumulado até o momento já representa mais que o dobro da média histórica para o mês, de 125,5 milímetros. Já o recorde das águas que causaram transtornos a milhares de porto-alegrenses deve chegar na semana que vem e se consolidar até o fim do mês. Segundo a Climatempo, a previsão é de que, até o dia 31 de outubro, ainda caia entre 40 e 60 milímetros na Capital. Não há previsão de chuva para o fim de semana.
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Meteorologistas apontam o fenômeno El Niño como principal vilão do clima em 2015. Mas a elevação na temperatura da superfície do Pacífico, que mexe com a pressão dos ventos, contou com um empurrãozinho de uma anomalia no oceano vizinho para despejar água sobre a Capital.
Isso porque, além das chuvas primaveris já favorecidas pelo fenômeno, a temperatura do Oceano Atlântico perto da costa gaúcha está quente. Esse aquecimento incomum - as águas chegaram a três graus acima do normal próximo ao Estado - mantém o clima úmido. Assim, as precipitações intensificadas pelo aumento da temperatura na superfície do Pacífico ganham força, e são criadas as condições para que ocorram com mais frequência.
- Essa região (onde se encontra o Estado), por si só, já facilita a formação de sistemas de baixa pressão, que trazem chuvas. E, quando o oceano está mais quente, há mais umidade disponível. Em 1997, quando houve o último grande El Niño, as águas não estavam tão aquecidas perto do Rio Grande do Sul. Por isso as chuvas não foram tão fortes como agora - explica a meteorologista.
O acumulado de chuva em outubro de 1997 na Capital foi de 266,2 milímetros: foi apenas o quarto maior volume já registrado no mesmo período em Porto Alegre.
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