A aula de história desta semana dos alunos da Escola Estadual Indígena Nhamandu Nhemopua, de Itapuã, em Viamão, foi dentro do Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre. O Piquete Bate Casco recebeu, na quarta-feira, 45 índios - entre eles estudantes, pais e avós - da Comunidade Pindó Mirim para um dia de vivência nos hábitos tipicamente gaúchos ressaltando como a cultura indígena também pertence à história do Rio Grande do Sul.
Dentro do piquete, o objetivo foi relacionar tradições e encurtar diferenças. Foram recebidos com café da manhã e participaram de uma apresentação que contou a importância social, econômica e histórica do cavalo no desenvolvimento do Estado, tema símbolo do projeto cultural do Bate Casco. Ao longo da fala da coordenadora cultura da entidade, Patrícia Zillmer, a turma ia ensinando a pronúncia de algumas das palavras em guarani.
- Não podemos esquecer que os índios estavam aqui antes dos imigrantes e que foram os primeiros a chegar - ressalta Patrícia.
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Ainda aprenderam a encilhar e montar no cavalo. Prestes a ganhar um do pai, Álvaro Dinarte Moreira, 11 anos, observou muito atento as instruções de Patrícia, pois não quer fazer feio quando chegar seu "companheiro".
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- Agora, saberei tratá-lo - diz ele, tímido.
Fotos: Carlos Macedo/Agência RBS
Conexão de culturas
É por intermédio de experiências práticas que os alunos aprendem e incorporam o conhecimento para a vida, considera a diretora da escola, Alessandra Santos. Além de conhecer mais de perto os conteúdos teóricos que aprendem em sala de aula, conseguem tirar dúvidas e percebem que as diferenças são menores do que imaginavam.
- Estamos fazendo uma interlocução da sociedade com a comunidade (indígena) e só isso já é uma aula. Conectamos a vida deles com o que acontece fora da comunidade. Eles são a história viva, que existe, não são passado - diz Alessandra.
De chapéu gaudério, o estudante do Ensino Médio Claudinei Dinart, 23 anos, adorou o passeio porque história é a sua disciplina favorita. Sabe a importância da cultura indígena e gosta de relacioná-la com os costumes gaúchos.
- Aprendi coisas novas, mas algumas eu já sabia, já andei a cavalo - conta.
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Aluna aplicada, Dionísia da Silva, 14 anos, conseguiu entender melhor o que se aprende nas aulas e percebeu que muito dos costumes fazem parte do seu cotidiano.
- É muito legal passear e conhecer outros lugares. Aprendemos sobre a história dos farrapos em sala de aula. Eu mesma tomo chimarrão todos os dias.
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Teve a xote no piquete!
Avó de seis alunos da escola, Laurinda Vorze, 78 anos, fez do passeio com os netos uma oportunidade de mostrar o artesanato da comunidade Pindó Mirim para o pessoal do piquete.
Colar, balaios e arco e flecha são feitos pelas mulheres enquanto os animais desenhados na madeira são produzidos pelos homens. Assim que expôs o material começou a ouvir elogios dos integrantes piquete.
- Eles trouxeram a cultura deles, mostraram como é feito e nós aprendemos também - comenta Patricia.
Com gaiteiro e trilha sonora do Teixeirinha, a turma ainda aprendeu a dançar o xote. Faceiras, as crianças foram as primeiras a se renderem ao passo gaudério. Quem se intimidou, registrou a dança pelo celular e bateu palma. Quando chuva estiou e a turma ainda conseguiu passear pelo parque e conhecer a Chama Crioula.
Foi a primeira vez que os alunos da Escola Nhamandu Nhemopua visitaram o acampamento e viveram uma experiência tão próxima à cultura gaúcha, garante a diretora Alessandra.
- A gente sentiu que a grande maioria não conhecia muita coisa que aprendeu. Muita coisa era novidade e eu senti uma receptividade enorme deles e de agradecimento -afirma Patricia.
No almoço teve carreteiro de carne, feijão, batata doce e salada de repolho com cenoura. À tarde, antes de retornar, as crianças receberam kits com lápis de cor e caderno de pintura.
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