A espera no Pronto Atendimento do Bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, ganhou companhias de peso, em maio deste ano. Pelo saguão, corredores e sala de internação pediátrica, circulam princesas, príncipes e até autores consagrados, como Vinicius de Moraes.
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Nos livros espalhados pelo ambiente que funciona 24h, pacientes e funcionários podem ter pequenos momentos de fuga da realidade, por vezes dolorida, de um PA. E isso só ocorre graças à iniciativa da enfermeira Denise Pinheiro da Fonseca, 29 anos, moradora do bairro que conquistou milhares de livros ao tomar a iniciativa de levar um projeto de leitura - criado e oferecido pelo Banco de Livros - para dentro do posto.
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Apaixonada pelas letras, ela sempre quis dividir esta paixão com o ambiente onde passa mais de 8h por dia. Queria dar aos pacientes a mesma sensação de alegria que experimenta ao ler uma nova obra.
Denise mostra um livro para a paciente Tayná Fortes, 4 anos
Foto: Mateus Bruxel/Agência RBS
Na primeira remessa do Banco de Livros, recebeu 2 mil exemplares. Os 800 dedicados às crianças foram os primeiros a sumirem das prateleiras e das caixas deixadas em meio ao público. Hoje, a enfermeira já perdeu a conta da quantidade de remessas recebidas. Porém, com o auxílio de uma lista de assinaturas, sabe que todas as doações estão com pacientes.
Todos podem levar as obras para casa e devolver sem prazo. O objetivo de Denise é incentivar que mais pessoas leiam os livros doados e que a ideia se espalhe por outras unidades de saúde da Capital.
Conheça ainda mais a história de Denise no site diariogaucho.com.br/vídeos
Ajuda do Banco do Livro
"Sempre quis fazer algo que fosse além do atendimento em saúde para os nossos pacientes. Minha ideia era que as pessoas não ficassem com tempo ocioso dentro do pronto atendimento, enquanto aguardavam na recepção ou na internação. Ouvi conselhos de amigos e da família e decidir realizar o meu sonho. Pesquisei sobre projetos envolvendo leitura até encontrar o Banco de Livros. Em menos de 15 dias, meu projeto foi aceito. Não acreditei até ver a equipe, que incluiu a parceria com integrantes da UniRitter, visitando o posto e estudando as possibilidades de criação do espaço de leitura. Na medida do possível, foi feito o design dos cantinhos do posto que receberiam os livros. A recepção e o saguão foram modificados. Entre uma cadeira e outra do usuário, por exemplo, a gente fez uma caixa onde os livros ficam bem à vontade para eles. Explicamos que eles podem levar para casa, fazer a leitura ali ou repassar para outra pessoa. O importante é que eles usufruam deste livro e passem esta informação adiante."
Crianças foram as primeiras
"Também criamos, dentro da sala de observação pediátrica, um canto infantil com mesa e muitos livros infantis para os pais aproveitarem com seus filhos no momento da internação. Foi muito legal perceber que as primeiras pessoas a fazerem esta leitura foram crianças. Somos o primeiro pronto atendimento de Porto Alegre a ter esta biblioteca. Na inauguração, em maio deste ano, recebemos uma doação de 2 mil livros infantis e adultos. De poesia, de história, de autoajuda. Para crianças, foram 800."
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Trabalho de formiguinha
"A gente tem que começar desde a infância a trabalhar com esta leitura para chegar à adolescência e ter este hábito. Em menos de 20 dias, os livros infantis saíram todos. No momento em que estes usuários estão ali, eles não ficam só olhando a tevê ou mexendo no telefone. Eles estão aproveitando e lendo aqueles livros. É um trabalho de formiguinha. Aos poucos, a gente consegue fazer isso. É tão gratificante ver que eles estão aproveitando, lendo e perguntando se podem levar o livro. O ato de ler faz você viajar. Aquela dor que você está sentindo desaparece neste momento. É diferente você ficar esperando um atendimento e pensar na doença e você estar ali fazendo uma leitura, podendo fazer uma leitura para um filho. Onde, com certeza, a tua angústia vai ser menor. Isso é o caminho do bem: você passar esta energia boa conseguir fazer este diferencial para os usuários que vem buscar este atendimento."
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