Setembro é o mês em que comemoramos, os brasileiros, o aniversário de nossa Independência. Para os gaúchos é ainda o mês da celebração da Revolução Farroupilha, esta outra luta que trilhou caminhos de independência interrompida, bloqueada, mas que ocupa, assim mesmo, permanentemente o nosso imaginário, a nossa ficção e que, lá de trás, desde um passado quase bicentenário, parece sempre querer se imiscuir em nossas apreciações de precários presentes e em nossos vislumbres de pouco animadores horizontes futuros. Ambas as datas, o 7 de setembro de nossa Independência nacional e o 20 de setembro do início da luta dos farrapos, já desenvolveram suas mitologias próprias. Dos livros românticos e nacionalistas do século 19 ao espírito de revisão crítica da identidade nacional dos modernistas na primeira metade do século 20; das criações populares que povoaram as práticas e a mentalidade dos gaúchos desde os mil e oitocentos às criações literárias como o capitão Rodrigo Cambará, de Erico Verissimo; muito do que pensamos, quer no registro nacional, quer no local, passa por essas elaborações históricas e literárias, hoje já tão indistintas quanto a realidade mais direta e imediata que experimentamos sendo gaúchos e brasileiros sem maiores reflexões na cabeça.
Colunistas
Eduardo Wolf: independências
"Com salários picotados, servidores humilhados e uma administração pública sem grandes perspectivas, não é de se espantar que o tradicional entusiasmo com as condições de nosso Estado saia claramente abalado, mesmo com nossas belas comemorações culturais"