A República Tcheca vai retomar as atividades em seu consulado honorário em Porto Alegre. A reabertura do órgão diplomático, suspenso após a morte do cônsul honorário em 2013, foi anunciada oficialmente nesta quarta-feira.
- O Brasil é um país de dimensões continentais. Por isso, devemos ser representados em muitos lugares. É muito importante promover a República Tcheca no Estado - diz o vice-ministro de Relações Exteriores, Petr Dúlak, que veio à Capital para participar da reabertura do consulado.
Conforme o cônsul honorário Fernando Lorenz, estima-se que a República Tcheca esteja entre as etnias que mais migraram para o Rio Grande do Sul. Com a consolidação da unidade diplomática no Estado, a ideia é fortalecer as relações entre os gaúchos e seus antecedentes, promovendo um resgate cultural.
- Em função das mudanças geopolíticas na região, muitas pessoas desconhecem que têm ascendência tcheca. Há uma identidade histórica, étnica e cultural que está, de certa forma, perdida no tempo - explica o cônsul honorário.
Mas nem só para trocas culturais deverá servir o consulado, que ficará sediado, inicialmente, no hospital oftalmológico Diaglaser, que pertence a Fernando Lorenz. O órgão deverá promover trocas comerciais entre a República Tcheca e o Rio Grande do Sul, de onde o país importa produtos agrícolas, e estimular estudantes brasileiros a fazerem intercâmbios em universidades tchecas.
- A diplomacia se presta ao fomento e à evolução de relações comerciais - defende Lorenz.
Agenda com Fortunati e Sartori tem metrô e acordos comerciais
Nesta quarta-feira, dois encontros devem marcar o primeiro passo no avanço das relações entre o Estado e o país do leste europeu. A comitiva composta pelo vice-ministro de Relações Exteriores, Petr Drulák, pelo embaixador Jirí Havalík e pelo cônsul honorário se encontrará com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, e participará de um almoço com o governador José Ivo Sartori e representantes do empresariado gaúcho.
Uma das pautas a serem discutidas com o prefeito da Capital será o metrô de Porto Alegre. Com forte atuação no ramo automobilístico, a República Tcheca também foi a responsável pela construção de trilhos de metrô em diversos países da Europa. Já o encontro com José Ivo Sartori incluirá um convite para que uma comitiva de empresários gaúchos visite a República Tcheca no segundo semestre deste ano.
No âmbito educacional, Petr Drulák destaca que a República Tcheca está entre os participantes do programa Ciências sem Fronteiras, do governo federal, que promove intercâmbio de estudantes universitários e de pós-graduação.
- As universidades checas têm muito a oferecer, com programas de estudos em inglês, principalmente, no ramo da nanotecnologia, ciências sociais e medicina. Há programas da União Europeia que fazem o mesmo papel do Ciências sem Fronteiras e queremos divulgá-los para que sejam utilizados - disse o vice-ministro, que participará de um evento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para falar sobre o tema nesta quinta-feira.
Existe, ainda, uma terceira via para quem pensa em estudar na terra de escritores como Kafka e Milan Kundera. Segundo o embaixador Jirí Havalík, caso o estudante brasileiro se interesse em aprender checo, o governo local custeia integralmente a graduação.
- Nós acreditamos que o comércio é importante, mas não é bom senão houver relações culturais - ressalta.
Segundo o embaixador, é possível viver na República Tcheca com o um orçamento modesto para os padrões europeus: de US$ 350 a US$ 500 por mês. Informações sobre aulas do idioma podem ser obtidas junto ao consulado honorário.
*Zero Hora