Nos moldes do que fizeram os moradores do bairro Menino Deus há um mês, a Associação dos Amigos da Cidade Baixa convocaram uma reunião, na noite desta quinta-feira, para tratar dos problemas do bairro. Enquanto no Menino Deus a pauta se concentrou na insegurança, os moradores do chamado "bairro boêmio" de Porto Alegre foram além.
Reclamaram de lixo, urina, barulho, venda de bebidas a menores, drogados, brigas. E editaram um vídeo, com imagens feitas pelos próprios moradores nos últimos cinco meses, para mostrar aquilo que não suportam mais.
Veja um trecho:
- (Os frequentadores) estão confundindo boemia com baderna. Ocupam as ruas e se divertem, mas esquecem de olhar pra cima e ver que há moradores, alguns idosos, outros doentes, estudantes, trabalhadores - reclamou Dani Peducia, representante do grupo SOS Cidade Baixa e uma das 15 pessoas a usar o espaço de três minutos para pedir providências.
Eles falaram para os outros cerca de 160 participantes da reunião e uma mesa com representantes da prefeitura, secretarias, Câmara de Vereadores, Ministério Público, Polícia Civil, Brigada Militar e EPTC.
Uma das principais reivindicações dos moradores diz respeito a um decreto de agosto de 2012, que prevê que bares e restaurantes da Cidade Baixa devem fechar às 2h, com tolerância de 30 minutos, nas sextas-feiras, sábados e vésperas de feriados e, de domingo à quinta-feira, podem ficar abertos até 1h, com tolerância de 30 minutos. Eles pedem, no mínimo, o cumprimento da medida, mas alguns gostariam mesmo que ele fosse revogado e os estabelecimentos voltassem a ser fechado à meia-noite diariamente.
- Eu e o (prefeito José) Fortunati não vamos nos omitir, mas precisamos nos unir, me refiro a todos os órgão aqui presentes, para conseguirmos resolver essa situação complexa - disse o vice-prefeito da Capital, Sebastião Melo.
Comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pela região que inclui a Cidade Baixa, o tenente-coronel Francisco Vieira disse que a Brigada Militar vem realizando desde setembro uma operação para reduzir as ocorrências de perturbação de sossego. No entanto, disse que o efetivo não é suficiente e que as medidas não são suficientes.
- Vamos começar a agir com a mão pesada - anunciou ele, citando como exemplo a realização de "arrastões" para coibir crimes.
Ainda conforme Vieira, uma das principais ações defendidas pela BM, e que já foi sugerida à prefeitura para ser incluída no novo Código de Posturas de Porto Alegre, é a proibição da venda e de consumo de bebidas alcoólicas nas ruas da cidade.
- A ideia surgiu a partir da reclamação de moradores da Cidade Baixa, porque aqui se concentram três mil pessoas nas ruas, enquanto em outros bairros, de 200 a 300, nas noites. Por mais que tentemos, não temos como abordar todas essas pessoas, ver quem é menor ou não, quem tá vendendo, quem tá comprando - justificou o comandante do 9º BPM.
Um projeto que limita a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos já foi protocolado na Câmara pelo vereador Thiago Duarte. A exceção, pela proposta, seria em eventos e ocasiões aprovadas previamente pela prefeitura. Um dos locais tidos como inspiração são os Estados Unidos, que limita a idade do consumidor e que qualquer um mostre o rótulo da bebida, visando diminuir a influência do álcool.
Leia as últimas notícias sobre Porto Alegre